You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
-Recupera o costume rapidamente. Não quero que resulte ferida por não te<br />
haver escondido detrás de nós. Nosso trabalho é assumir os riscos e te manter<br />
a salvo.<br />
Apertou o botão de abertura da porta.<br />
-Sei, Barinthus.<br />
-E mesmo assim foste sair ao corredor -disse.<br />
Galen olhou a ambos os lados com muito cuidado e a seguir, saiu do<br />
elevador.<br />
-Não há nada.<br />
Fez uma pequena reverência. A trança escorregou sobre seu ombro até<br />
tocar o chão. Lembrança quando seu cabelo se derramava como uma cascata<br />
verde até seus pés. Havia uma parte de mim que pensava que assim é como<br />
deveria ser o cabelo de um homem. O bastante comprido para tocar o chão.<br />
Suficientemente comprido para cobrir meu corpo como um lençol de seda ao<br />
fazer amor. Chorei quando o cortou, mas não era assunto de minha<br />
incumbência.<br />
-Te levante, Galen. -Comecei a caminhar pelo corredor, com a chave na<br />
mão.<br />
Estava de pé e corria e dançava pelo corredor para ficar diante de mim.<br />
-OH, não, minha senhora. Eu que devo abrir a fechadura.<br />
-Para, Galen. Digo-o a sério.<br />
Barinthus nos seguiu tranqüilamente, com a mala na mão, como um pai que<br />
vê a seus filhos já crescidos comportando-se de maneira inadequada. Não, não<br />
nos fazia o menor caso, quase igual a antes com o Jenkins. Voltei a olhá-lo,<br />
mas não pude ler nada naquela cara pálida, reservada e impenetrável. Houve<br />
uma época em que ria mais, sorria mais, verdade? Lembrava-me de seus<br />
braços me levantando da água em meio de uma gargalhada, com seu cabelo<br />
flutuando sobre seu corpo como uma nuvem. Me teria submerso nessa nuvem,<br />
me teria levado a ela com minhas mãozinhas. Tínhamos rido juntos. A primeira<br />
vez que nadei no Pacífico, pensei no Barinthus. Queria lhe mostrar aquele<br />
vasto oceano novo. Que eu soubesse, ele não o tinha visto nunca.<br />
Galen me aguardava ante a porta. Detive-me e esperei a que Barinthus me<br />
alcançasse.<br />
-Parece muito sério hoje Barinthus.<br />
Olhou-me com aqueles olhos e a segunda pálpebra pestanejou. Estava<br />
nervoso. Tinha medo de mim? Ele tinha gostado do anel, e não tinha gostado<br />
do feitiço do carro. Mas não tinha lhe desagradado muito, nem tinha lhe<br />
impressionado muito, como se fosse algo normal. De algum jeito, sim o era.<br />
-O que acontece, Barinthus? O que é que ainda não me disse?<br />
-Confia em mim, <strong>Meredith</strong>.<br />
Agarrei sua mão livre com as minhas, e desloquei meus dedos pelos seus.<br />
Minha mão estava perdida na sua.<br />
-Confio em ti, Barinthus.<br />
Sustentou minha mão delicadamente como se temesse quebrá-la.<br />
-<strong>Meredith</strong>, minha pequena <strong>Meredith</strong>. -Sua cara se enterneceu ao falar. -<br />
Sempre foste uma mescla de franqueza, orgulho e ternura.<br />
-Já não sou tão tenra como antes, Barinthus.<br />
Assentiu.<br />
-Desgraçadamente, o mundo tenta te arrebatar estas qualidades.