17.04.2013 Views

Meredith Gentry 1 - CloudMe

Meredith Gentry 1 - CloudMe

Meredith Gentry 1 - CloudMe

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Me virei para olhar seu rosto. Estava tão perto de mim que seu cabelo me<br />

roçava o peito; cheirava a oceano e a erva fresca. Voltei a lhe murmurar:<br />

-Se lhe mostrar meus poderes agora, perderei o fator surpresa. Sua voz era<br />

como o delicado murmúrio de água sobre um leito de calhaus. Usava seu<br />

próprio poder para assegurar-se de que Cel não nos poderia ouvir.<br />

-Se Cel insistir para irmos embora e nós desobedecermos, será muito ruim<br />

para nós.<br />

-Desde quando a Guarda da Rainha deve obediência a seu filho? -<br />

Perguntei.<br />

-Desde que a rainha decretou.<br />

Cel disse em voz alta:<br />

-Ordeno a ti, Barinthus, e a ti, Galen, que vão a sua entrevista. Nós<br />

escoltaremos a minha prima até a rainha.<br />

-Lhe assuste, <strong>Meredith</strong> -disse Barinthus. –Faça com que deseje que<br />

fiquemos. Cel teria acesso ao anel de sua mãe.<br />

Olhei-o. Não me incomodei em perguntar ao Barinthus se realmente<br />

pensava que Cel tinha tentado me matar no carro. Se não acreditasse ser<br />

possível, não o teria dito.<br />

-Dei aos dois uma ordem direta- disse Cel. Levantou a voz porque o vento<br />

aumentava.<br />

O vento tomou força, soprando pelas largas gabardinas dos homens,<br />

chiando entre as folhas secas das árvores da confine do bosque que se abria a<br />

nossa direita. Voltei-me para as árvores. Quase podia entender o vento e as<br />

árvores, quase distinguia o lamento das árvores ao perceber a chegada do<br />

inverno e o frio que se movia. O vento aumentou e arrastou um pequeno<br />

montão de folhas recém caídas com o passar do caminho rochoso, passando<br />

pelo Cel e suas mulheres, até que roçaram meus pés. O vento levantou as<br />

folhas em um redemoinho que senti como delicadas mãos brincando com<br />

minhas pernas. As folhas eram arrastadas por um impulso repentino de doce<br />

vento outonal. Fechei os olhos e respirei aquele ar.<br />

Separei-me do Barinthus e me aproximei um pouco do Cel, mas não me<br />

dirigia para ele. Era o chamado da terra. O país estava contente pela minha<br />

volta e seu poder me recebeu de uma maneira nova para mim.<br />

Levantei os braços de cada lado e me abri para a noite. Sentia o vento<br />

soprando não contra meu corpo a não ser através dele, como se eu fosse uma<br />

das árvores de acima, não um obstáculo ao vento a não ser parte dele. Senti o<br />

movimento da noite, seu pulso apressado e impetuoso. Sob meus pés o chão<br />

se afundava a profundidades inimagináveis, e as podia sentir todas, e durante<br />

um momento notei como o mundo girava. Experimentei um balanço lento e<br />

pesado ao redor do Sol. Estava de pé, plantada solidamente, como as raízes<br />

de uma árvore que penetra mais e mais profundamente para a terra viva e fria.<br />

Mas isto era a única parte sólida que havia em mim. O vento soprou através de<br />

meu corpo como se não estivesse ali, e soube nesse momento que poderia ter<br />

envolto a noite em torno de mim e caminhar de forma invisível entre os mortais.<br />

Mas não estava tratando com mortais.<br />

Abri os olhos com um sorriso. A ira, o desconcerto, tudo tinha desaparecido,<br />

tinha sido varrido por aquele vento que cheirava a folhas secas e a especiarias,<br />

como se pudesse sentir nele como se estivesse meio recordando, meio<br />

sonhando. Era uma noite selvagem, e desprendia uma magia selvagem, se<br />

você pudesse reconhecer. A magia da Terra pode ser arrancada por alguém o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!