boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
equisito etário em 1980). Com efeito, embora as fichas <strong>es</strong>colar<strong>es</strong> colacionadas às fls. 15/16 realmente contenham o<br />
regis<strong>tr</strong>o de “Francisca Luiza de Lima” no campo d<strong>es</strong>tinado ao nome da mãe do aluno – circunstância, certamente,<br />
decorrente do sobrenome do companheiro falecido, Benedito Mateus de Lima (certidão de óbito de fl. 37) –, a parte<br />
colacionou aos autos comprovante de recebimento de pensão por morte de <strong>tr</strong>abalhador rural, com DIB em 01.07.1978 (fl.<br />
28), documento que, no entender d<strong>es</strong>te relator, repr<strong>es</strong>enta início razoável de prova material do labor rural, conforme<br />
assentado na sentença recorrida.<br />
4. Como se sabe, a jurisprudência dispensa que o início de prova material seja contemporâneo de todo o período<br />
con<strong>tr</strong>overtido, d<strong>es</strong>de que a prova t<strong>es</strong>temunhal <strong>es</strong>tenda a sua eficácia probatória. A Súmula 14 da TNU, n<strong>es</strong>se sentido,<br />
permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela prova t<strong>es</strong>temunhal, salvo em caso de con<strong>tr</strong>adição,<br />
imprecisão ou inconsistência en<strong>tr</strong>e os depoimentos colhidos e os documentos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> nos autos.<br />
5. No caso concreto, a prova t<strong>es</strong>temunhal colhida em audiência confirmou, de forma segura, que a recorrida sempre<br />
laborou no meio rural e que, nos últimos anos, ela <strong>tr</strong>abalhou em sua própria terra, local onde mora até os dias de hoje. A<br />
última t<strong>es</strong>temunha, Sr. Alfredo Binow, afirma que a autora laborou nas terras do pai até a morte de seu <strong>es</strong>poso e que,<br />
depois, <strong>tr</strong>abalhou em sua propriedade, por um período de oito a dez anos.<br />
6. Diante d<strong>es</strong>se panorama, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova<br />
t<strong>es</strong>temunhal, proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada <strong>es</strong>pecial. D<strong>es</strong>ta feita, considerando<br />
que a prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos confirma o início de prova material, de modo a abranger todo o período em<br />
que se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo comprovado o exercício de atividade rural por tempo<br />
equivalente ao período de carência do benefício.<br />
7. Finalmente, insta regis<strong>tr</strong>ar que a circunstância de ter a parte implementado o requisito etário sob a égide da Lei<br />
Complementar nº 11/71 não lhe retira o direito ao beneficio de aposentadoria por idade assegurado na Lei n.º 8.213/91. Ora,<br />
se a recorrida – que nem m<strong>es</strong>mo recebeu qualquer benefício sob o pálio da lei anterior – preencheu, igualmente, os<br />
requisitos exigidos pela nova legislação (idade e tempo de atividade rural), tendo permanecido na lavoura também sob a<br />
vigência da lei atual, inexiste óbice à obtenção do benefício de aposentadoria rural, notadamente porque a limitação a um<br />
ente familiar não mais subsiste.<br />
8. Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142<br />
da Lei n.º 8.213/91), r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.<br />
9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />
10. Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados<br />
em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/95.<br />
ACÓRDÃO<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />
da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />
PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
BRUNO DUTRA<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
19 - 0000568-13.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000568-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x THEREZA POM SCHAEFFER (ADVOGADO: ANILSON BOLSANELO.).<br />
RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000568-13.2008.4.02.5054/01<br />
RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
RECORRIDO: THEREZA POM SCHAEFFER<br />
RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />
EMENTA<br />
RECURSO INOMINDADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – RURAL – SEGURADO ESPECIAL –<br />
SUFICIENTE INÍCIO DE PROVA MATERIAL NOS AUTOS CORROBORADO PELA PROVA TESTEMUNHAL –<br />
SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />
Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, por meio do qual a autarquia requer a reforma da sentença de fl.<br />
147/150 que julgou procedente o pedido de aposentadoria rural por idade da autora. O recorrente alega que não foi<br />
comprovado o efetivo exercício de atividade rural pelo tempo de carência suficiente, conforme disposto no art. 142 da Lei nº<br />
8.213/91, aduzindo inexistir início de prova material nos autos, <strong>es</strong>pecialmente devido ao fato de o <strong>es</strong>poso da parte autora ter<br />
exercido atividade urbana. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 163/167.<br />
Em primeiro lugar, é importante r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 143 da Lei nº 8.213/91, o <strong>tr</strong>abalhador rural referido na<br />
alínea “a” dos incisos I e IV, e nos incisos VI e VII do art. 11 da m<strong>es</strong>ma lei, além de comprovar a idade mínima (55