17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

FERNANDES.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000399-32.2008.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: MARINALDO VITORIO CARLOS<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL<br />

CONSTATADA EM EXAME PERICIAL REGULAR – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –<br />

SENTENÇA MANTIDA<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 67/68, que julgou<br />

improcedente o pleito autoral de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, o autor<br />

postula a nulidade da sentença, ante o indeferimento dos requerimentos de produção de prova t<strong>es</strong>temunhal e de nova<br />

prova pericial com médico <strong>es</strong>pecialista em neurologia. No mérito principal, sustenta que se encon<strong>tr</strong>a inapto para o labor,<br />

tendo em vista que é portador de depr<strong>es</strong>são crônica grave. D<strong>es</strong>taca, por fim, que existem, nos autos, documentos médicos<br />

particular<strong>es</strong> que demons<strong>tr</strong>am o alegado <strong>es</strong>tado de incapacidade laborativa. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).<br />

3. De início, rejeita-se a alegação de nulidade da sentença por cerceamento de def<strong>es</strong>a. O ordenamento proc<strong>es</strong>sual não<br />

exige que o perito nomeado detenha a <strong>es</strong>pecialidade médica compatível com as doenças que supostamente acometem o<br />

periciando, eis que o regis<strong>tr</strong>o nos quadros no Conselho Regional de Medicina – CRM já habilita o profissional a aferir a<br />

(in)capacidade laborativa do paciente. A “<strong>es</strong>pecialidade” a que alude o artigo 145, §2º, do CPC deve ser vista de maneira<br />

ampla, tanto assim que o próprio dispositivo legal a relaciona à nec<strong>es</strong>sidade de regis<strong>tr</strong>o no órgão profissional competente<br />

(que, no caso, é repr<strong>es</strong>entado pelo Conselho Regional de Medicina – CRM), não sendo nec<strong>es</strong>sário, para que a perícia<br />

tenha validade, que o médico comprove <strong>es</strong>pecialidade den<strong>tr</strong>o da medicina compatível com a enfermidade que será objeto<br />

de análise. Dou<strong>tr</strong>a parte, o não acolhimento do pedido de produção de prova t<strong>es</strong>temunhal, considerada d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária e<br />

irrelevante para o d<strong>es</strong>linde da con<strong>tr</strong>ovérsia – notadamente nas hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> em que se exige inv<strong>es</strong>tigação técnica, como<br />

ocorre in casu, em que se busca a apuração da possível incapacidade física decorrente de patologia –, não configura<br />

cerceamento de def<strong>es</strong>a, mormente sabendo-se que ao magis<strong>tr</strong>ado incumbe a direção do proc<strong>es</strong>so e, principalmente, das<br />

provas a serem produzidas pelas part<strong>es</strong>.<br />

4. No mérito principal, cabe d<strong>es</strong>tacar que o auxílio-doença, como se ex<strong>tr</strong>ai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido<br />

ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho<br />

ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

5. Em exame clínico pericial regular (laudo de fls. 37/42), o jusperito constatou que a parteautora apr<strong>es</strong>enta quadro de<br />

“<strong>tr</strong>anstorno depr<strong>es</strong>sivo leve a moderado e epilepsia de pequeno mal tipo ausência” (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito n.º 01 do juízo).<br />

Contudo, concluiu que o periciado encon<strong>tr</strong>a-se plenamente apto para o d<strong>es</strong>empenho de atividad<strong>es</strong> laborativas (r<strong>es</strong>posta ao<br />

qu<strong>es</strong>ito n.º 04 do juízo), frisando que “o autor é jovem, não apr<strong>es</strong>enta nenhuma situação clínica grave que impeça o<br />

<strong>tr</strong>abalho, d<strong>es</strong>de que faça uso correto das medicaçõ<strong>es</strong> e faça acompanhamento de rotina com médico assistente” (r<strong>es</strong>posta<br />

ao qu<strong>es</strong>ito n.º 11 do juízo).<br />

6. Por ou<strong>tr</strong>o lado, os documentos médicos (laudos e receituários) apr<strong>es</strong>entados pelo autor não se revelam suficient<strong>es</strong> a ilidir<br />

a conclusão da perícia oficial, notadamente diante da r<strong>es</strong>salva regis<strong>tr</strong>ada pelo jusperito no sentido de que “com o <strong>tr</strong>atamento<br />

medicamentoso bem realizado e acompanhamento médico de rotina, as patologias apr<strong>es</strong>entadas pelo autor podem ser<br />

muito bem con<strong>tr</strong>oladas, e ele pode continuar tendo uma vida normal, sem maior<strong>es</strong> limitaçõ<strong>es</strong>. A epilepsia é que poderia<br />

causar maior<strong>es</strong> r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong>, mas o tipo de crise apr<strong>es</strong>entada pelo autor é bem leve – cris<strong>es</strong> de ausência” (r<strong>es</strong>posta ao<br />

qu<strong>es</strong>ito n.º 07 do INSS – fl. 41).<br />

7. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apr<strong>es</strong>entados pela parte, <strong>es</strong>te relator entende que<br />

inexistem, nos autos, elementos técnicos capaz<strong>es</strong> de balizarem a caracterização do alegado <strong>es</strong>tado de incapacidade para o<br />

labor, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, nec<strong>es</strong>sariamente, inaptidão funcional.<br />

8. N<strong>es</strong>se diapasão, vale r<strong>es</strong>saltar que, a d<strong>es</strong>peito da regra pr<strong>es</strong>crita no art. 436 do CPC, a perícia judicial revela-se de<br />

ex<strong>tr</strong>ema importância na formação da convicção do julgador, quando os documentos médicos da parte requerente não<br />

puderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de con<strong>tr</strong>ovérsia na lide.<br />

9. Por todo o exposto, reputo não demons<strong>tr</strong>ada hipót<strong>es</strong>e de incapacidade laborativa, não havendo, portanto, fundamento a<br />

autorizar a conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença em favor da parte autora/recorrente.<br />

10. Condenação d recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência<br />

judiciária gratuita à fl. 22, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!