17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

55 - 0000123-02.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000123-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ FRANCISCO<br />

(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

Marcos Figueredo Marçal.).<br />

RECURSO N. 0000123-02.2011.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: JOSÉ FRANCISCO<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL DR. BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA<br />

DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARA<br />

ATESTAR A INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA<br />

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 63/64 que julgou<br />

improcedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de benefício auxílio-doença. Em suas razõ<strong>es</strong> de recurso (fls. 48/52), o<br />

recorrente alega, em sínt<strong>es</strong>e: i) que se encon<strong>tr</strong>a incapacitado para o exercício de suas funçõ<strong>es</strong> habituais em razão da<br />

dependência química que o acomete; ii) que a perícia não re<strong>tr</strong>ata a sua realidade fática, sendo o laudo vago e omisso; iii)<br />

que <strong>tr</strong>anstornos psíquicos não poderiam ser analisados em uma única perícia, já que apr<strong>es</strong>enta episódios e não é<br />

constante; e, por fim, iv) que o juiz não se encon<strong>tr</strong>a ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial. Assim, postula pelo conhecimento e<br />

provimento do recurso para que seja deferido o benefício pleiteado, com o pagamento das parcelas re<strong>tr</strong>oativas. Sem<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).<br />

3. Inicialmente, cabe d<strong>es</strong>tacar que o auxílio-doença, como se ex<strong>tr</strong>ai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao<br />

segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou<br />

para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, por<br />

força do disposto no artigo 42, do m<strong>es</strong>mo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será<br />

devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação<br />

para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

4. O autor, ora recorrente, agenciador de recursos, atualmente com 53 (cinqüenta e <strong>tr</strong>ês) anos (fl. 3), alega possuir<br />

dependência química de substâncias ilícitas, com predominância de crack, nec<strong>es</strong>sitando de <strong>tr</strong>atamento clínico. O laudo<br />

pericial de fls. 35/36 at<strong>es</strong>ta que o recorrente não é portador de sinais ou sintomas que indiquem d<strong>es</strong>organização do sistema<br />

psíquico, inexistindo alteraçõ<strong>es</strong> important<strong>es</strong> no exame psíquico que não seja a clínica e a história de vida (r<strong>es</strong>posta aos<br />

qu<strong>es</strong>itos 01 e 02). Assim, afirma o expert que não existe incapacidade laborativa, r<strong>es</strong>saltando que as possibilidad<strong>es</strong> do<br />

autor é idêntica à média das p<strong>es</strong>soas que não sofrem de distúrbio psíquico alienant<strong>es</strong>.<br />

5. Os documentos particular<strong>es</strong> juntados pelo recorrente não são suficient<strong>es</strong> para afastar a conclusão da perícia oficial. O<br />

autor alegou que permaneceu internado en<strong>tr</strong>e outubro de 2010 e abril de 2011, juntando declaração datada de 22/12/2010<br />

(fl. 07), bem como at<strong>es</strong>tados datados de 11/11/2010 e 16/12/2010, que indicam que teria havido internação na Associação<br />

Brasileira de Ex-Dependent<strong>es</strong> Químicos – ABEDEQ, iniciada em 04/10/2010 (fls. 08/09). Ademais, o laudo psicológico de<br />

21/12/2010 (fls. 10/11) at<strong>es</strong>ta que o autor <strong>es</strong>tava se d<strong>es</strong>envolvendo bem e sugere a continuação do <strong>tr</strong>atamento. No entanto,<br />

entendo que tais elementos não são suficient<strong>es</strong> para ensejar o deferimento do benefício previdenciário pretendido. Isso<br />

porque não há qualquer documento nos autos comprovando que o autor tenha continuado com o <strong>tr</strong>atamento ou <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>se<br />

em regime de internação. Pelo con<strong>tr</strong>ário, em 12/01/2011, o autor compareceu p<strong>es</strong>soalmente à sede da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> para<br />

ajuizar a pr<strong>es</strong>ente ação. Some-se a isso o fato de ter havido con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> ao RGPS durante todo o período em que o<br />

recorrente alega ter <strong>es</strong>tado internado, conforme documentos de fls. 58/61.<br />

6. A perícia judicial afastou expr<strong>es</strong>samente a nec<strong>es</strong>sidade de internação. Vale r<strong>es</strong>saltar que, a d<strong>es</strong>peito da regra pr<strong>es</strong>crita<br />

no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de ex<strong>tr</strong>ema importância para auxiliar o julgador em seu convencimento, quando os<br />

documentos médicos da parte requerente não puderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de con<strong>tr</strong>ovérsia na<br />

lide. D<strong>es</strong>tarte, havendo laudos divergent<strong>es</strong>, não há como considerar os documentos apr<strong>es</strong>entados pela autora em<br />

de<strong>tr</strong>imento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudos particular<strong>es</strong> se mos<strong>tr</strong>em suficient<strong>es</strong> à comprovação da<br />

incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha no laudo oficial, hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> que não ocorreram no caso<br />

vertente, excluindo-se, d<strong>es</strong>se modo, a nec<strong>es</strong>sidade de realização de nova prova técnica ou até m<strong>es</strong>mo de complementação<br />

do parecer apr<strong>es</strong>entado. A alegação de que <strong>tr</strong>anstornos psíquicos não poderiam ser analisados em uma única perícia não<br />

encon<strong>tr</strong>a fundamento, sendo expr<strong>es</strong>so o perito ao afastar a nec<strong>es</strong>sidade de exame complementar.<br />

7. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em <strong>tr</strong>azer aos autos provas robustas, que pud<strong>es</strong>sem se sobrepor<br />

aos laudos periciais, que gozam de pr<strong>es</strong>unção de veracidade.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!