17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

39 - 0000778-30.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000778-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x MARIA ZULMIRA PASOLINI RODRIGUES (ADVOGADO:<br />

VALERIA ANGELA COLOMBI COGO, DAIANY BIONDO, CHARLES WAGNER GREGÓRIO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000778-30.2009.4.02.5054/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO (A): MARIA ZULMIRA PASOLINI RODRIGUES<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – DESCONTOS EFETUADOS SOBRE PROVENTOS DE<br />

APOSENTADORIA A TÍTULO DE REPOSIÇÃO DE VALORES INDEVIMENTE PAGOS PELO INSS – IMPOSSIBILIDADE –<br />

CARÁTER ALIMENTAR DO BENEFÍCIO – AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ DA BENEFICIÁRIA – DESCONTOS INDEVIDOS –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA<br />

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 185/187, que julgou<br />

procedente a ação e condenou a autarquia ré a se abster de efetuar d<strong>es</strong>contos sobre os proventos de aposentadoria da<br />

parte autora, a título de reposição de diferenças pagas a maior pelo ente previdenciário, em função de erro de cálculo da<br />

RMI. Em razõ<strong>es</strong> recursais, o INSS reafirma a legalidade das medidas de cobrança do débito, em homenagem aos<br />

princípios da vedação do enriquecimento sem causa e da supremacia do inter<strong>es</strong>se público autora. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.<br />

201/204.<br />

2. A jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia já assentou a orientação de que verbas alimentar<strong>es</strong> recebidas de boa-fé e decorrent<strong>es</strong> de erro<br />

exclusivo da Adminis<strong>tr</strong>ação não devem ser objeto de reposição. N<strong>es</strong>se passo, a sentença recorrida encon<strong>tr</strong>a-se em<br />

consonância com o posicionamento adotado pelo E. Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e deve ser mantida por seus próprios<br />

fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95), senão vejamos:<br />

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA RURAL CASSADA. RESTITUIÇÃO DE<br />

PARCELAS PREVIDENCIÁRIAS PAGAS ADMINISTRATIVAMENTE. VERBA ALIMENTAR RECEBIDA DE BOA FÉ PELA<br />

SEGURADA. 1-Não há a violação ao art. 130, § único da Lei nº 8.213/91, pois <strong>es</strong>se dispositivo exonera o beneficiário da<br />

previdência social de r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> recebidos por força da liquidação condicionada, não guardando, pois, exata<br />

congruência com a qu<strong>es</strong>tão <strong>tr</strong>atada nos autos. 2- O art. 115 da Lei nº 8.213/91, que regulamenta a hipót<strong>es</strong>e de d<strong>es</strong>conto<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo, sem nec<strong>es</strong>sária autorização judicial, nos casos em que a conc<strong>es</strong>são a maior se deu por ato adminis<strong>tr</strong>ativo<br />

do Instituto agravante, não se aplica às situaçõ<strong>es</strong> em que o segurado é receptor de boa-fé, o que, conforme documentos<br />

acostados aos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos, se amolda ao vertente caso. Precedent<strong>es</strong>. 3- Agravo regimental a que se nega provimento.<br />

(STJ -AGRESP 200200164532 – Relatora: Maria Thereza de Assis Moura – Sexta Turma – DJE 16.03.2009 – grifos<br />

nossos)<br />

3. No entender d<strong>es</strong>te relator, os alimentos servem para garantir a vida, pr<strong>es</strong>tando-se à aquisição de bens de consumo para<br />

assegurar a sobrevivência, como comida, habitação, saúde, etc. Logo, é iníquo pretender que sejam repetidos. O princípio<br />

da irrepetibilidade da verba alimentar não <strong>es</strong>tá previsto em lei, mas é por todos aceito e abraçado amplamente pela<br />

jurisprudência, tendo em vista ser de noção intuitiva e de entendimento meridiano a justiça do seu enunciado. D<strong>es</strong>sa forma,<br />

<strong>es</strong>se princípio afasta, por constituir uma exceção a el<strong>es</strong>, a aplicação do art. 884, do Código Civil, que versa sobre a vedação<br />

do enriquecimento sem causa, bem como a do art. 115, da Lei nº 8.213/91, que <strong>tr</strong>ata do d<strong>es</strong>conto de benéficos pagos a<br />

maior, se agiu com boa-fé o credor das verbas alimentícias.<br />

4. É de se r<strong>es</strong>saltar que, no caso sob exame, não r<strong>es</strong>tou caracterizada má-fé ou fraude por parte da beneficiária, hipót<strong>es</strong><strong>es</strong><br />

que não podem ser objeto de pr<strong>es</strong>unçõ<strong>es</strong>, mas, ao con<strong>tr</strong>ário, devem ser devidamente comprovadas por aquele que alega.<br />

In casu, é possível reconhecer a boa-fé daquele que recebeu valor<strong>es</strong> reputados devidos e d<strong>es</strong>tinados, <strong>es</strong>sencialmente, ao<br />

provimento de suas nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas.<br />

5. Por todo exposto, r<strong>es</strong>ta concluir que os d<strong>es</strong>contos sobre os proventos de aposentadoria por idade da autora/recorrida são<br />

indevidos.<br />

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

7. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,<br />

arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!