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abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro

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Pág. 94<br />

No outro extremo, relatam alguns opera<strong>do</strong>res da Reserva, há<br />

motoristas que prolongam sua cortina até a lateral direita de seu posto<br />

de <strong>trabalho</strong>, transforman<strong>do</strong>-o numa espécie de cabine.<br />

Para eles esses pertences são pessoais e a escolha <strong>do</strong> padrão<br />

<strong>do</strong> teci<strong>do</strong> da cortina ou <strong>do</strong> motivo encrustra<strong>do</strong> na bola de câmbio é feita<br />

conforme as preferências pessoais. Não é qualquer cortina, não é<br />

qualquer bola, não é qualquer carro e, como vimos, não é qualquer<br />

linha que eles gostam. Assim como existe a preferência pelo "seu"<br />

carro de escala, há também a clara preferência por seguir a "sua" tabela<br />

e manter-se na "sua" linha.<br />

O carro de escala é um fator de grande importância para<br />

eles. Ele é "o meu carro". É consensual entre os motoristas a avaliação<br />

de que se o carro de escala fosse uma regra seria melhor para o<br />

motorista trabalhar, economizaria em manutenção e a durabilidade<br />

<strong>do</strong>s veículos seria maior. É melhor para trabalhar porque o motorista<br />

conhece o seu funcionamento, os seus problemas e, principalmente,<br />

como lidar com eles propician<strong>do</strong>-lhe maior conforto. Além disso,<br />

trabalhar diariamente com o mesmo carro garante ao motorista maior<br />

segurança no seu manejo.<br />

Um <strong>do</strong>s motoristas escala<strong>do</strong>s que não tinha carro de escala,<br />

trazia consigo uma pequena caderneta para anotar o número <strong>do</strong><br />

veículo. Esse procedimento visava proteger-se de possíveis denúncias<br />

de passageiros quanto à qualidade <strong>do</strong> serviço presta<strong>do</strong> e de outros<br />

problemas futuros. Da mesma forma que o comunica<strong>do</strong> da chefia<br />

permite ao motorista recusar-se a operar determinadas linhas, essa<br />

caderneta é um pequeno <strong>do</strong>cumento que visa protegê-lo.<br />

Operar diariamente um carro diferente é um <strong>do</strong>s tantos<br />

motivos de incômo<strong>do</strong>. A primeira meia-viagem é aquela onde o<br />

motorista está testan<strong>do</strong> o carro em movimento e com lotação de<br />

passageiros. É a viagem de adaptação. Ela é diferente das outras que a<br />

sucedem, há mais solavancos, freiadas bruscas e ainda no decorrer da<br />

viagem o motorista continua a ajeitar o carro. Para o motorista é uma

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