abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
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Pág. 81<br />
sobre o incômo<strong>do</strong> e o esforço exigi<strong>do</strong>s pelo <strong>trabalho</strong>, bem como sobre<br />
o sofrimento a ele relaciona<strong>do</strong>.<br />
O tema adaptação tem si<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong> a partir de aportes<br />
diversos segun<strong>do</strong> diferentes conceituações na área de saúde <strong>do</strong><br />
trabalha<strong>do</strong>r.<br />
LAURELL e NORIEGA (1989) que entendem o processo<br />
de desgaste da saúde como historicamente determina<strong>do</strong>, conforman<strong>do</strong><br />
perfis de morbidade específicos segun<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong> de produção,<br />
consideram a noção de adaptação aquela que permite apreender a<br />
historicidade da biologia humana. Ou seja, os processos particulares<br />
de adaptação atribuem características ao nexo biopsicosocíal que<br />
determina o perfil patológico e o processo de desgaste.<br />
Os autores criticam a visão da noção de adaptação como<br />
processo que invariavelmente conduza ao esta<strong>do</strong> normal <strong>do</strong><br />
organismo. Ao contrário, eles procuram recuperar dessa noção a face<br />
que está associada à sobrevivência em condições precárias e que leva<br />
à estruturação de processos destrutivos.<br />
Embora LAURELL e NORIEGA(1989) enfatizem a<br />
relação entre processo de <strong>trabalho</strong> e desgaste da saúde, consideran<strong>do</strong>-o<br />
como processo biológico e fisiológico, e refiram-se à adaptação nesse<br />
âmbito, pontuam a necessidade de recuperar <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> sua<br />
característica essencialmente humana e por isso consciente. Esse<br />
importante assinalamento recupera o caráter simbólico <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>,<br />
envolven<strong>do</strong> a criação de universos de conhecimento. Tais universos,<br />
como será analisa<strong>do</strong> a seguir, também participam <strong>do</strong>s processos<br />
adaptativos.<br />
A adaptação, além de sua face que explica o<br />
desenvolvimento de processos destrutivos, também tem outra face que<br />
explica a construção de mecanismos de resistência. Compreender a<br />
adaptação como bifacetada permite entender porque, nos dizeres <strong>do</strong>s<br />
mesmos autores, "o processo de <strong>trabalho</strong> converte-se num terreno de<br />
contradição quan<strong>do</strong> os trabalha<strong>do</strong>res desenvolvem resistência contra