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abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro

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Pág. 99<br />

Segun<strong>do</strong> GARDELL(1987) os motoristas de ônibus mostram mais<br />

sinais de stress psicológico e fisiológico quanto maior a pressão <strong>do</strong><br />

tempo para realizar o seu <strong>trabalho</strong>. A "pressão <strong>do</strong> tempo está<br />

relacionada com as condições de tráfego, sobre as quais o motorista<br />

não tem controle"(p. 31).<br />

Quan<strong>do</strong> a ruptura ocorre, pode-se dizer que a ação<br />

adaptativa deu-se com um custo para a saúde, de mo<strong>do</strong> que os<br />

motoristas são "conforma<strong>do</strong>s" pelo <strong>trabalho</strong>, são "força<strong>do</strong>s", são<br />

"transpassa<strong>do</strong>s" a ponto de essa tensão motorista-condição de <strong>trabalho</strong><br />

trazer como conseqüência as <strong>do</strong>enças e outros problemas de saúde:<br />

"... força muito a gente, vira e mexe ainda me dó. aquela <strong>do</strong>r de cabeça e<br />

me ataca o estômago... você chega na época de se aposentar, você já não<br />

está agüentan<strong>do</strong> mais e você morre. Tem muitos motoristas que logo que<br />

se aposenta ele não agüenta mais e morre. Porquê? Já tá acaba<strong>do</strong>? Essa<br />

idéia de que motorista morre precocemente traz encadeadamente a<br />

avaliação de que motorista deveria aposentar-se após 15 anos de<br />

<strong>trabalho</strong>. Se isso ocorre é porque a organização <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> não é<br />

flexível o suficiente para ser amoldada pelo trabalha<strong>do</strong>r, a partir de<br />

suas características pessoais e de que as ações adaptativas a<strong>do</strong>tadas<br />

para lidar com a centralização <strong>do</strong> poder não cumpriram com sua função<br />

de mecanismo de resistência.<br />

Além <strong>do</strong> limite na flexibilidade <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> que pode gerar<br />

<strong>do</strong>enças, ocorre ainda de determinadas ações adapíativas<br />

tornarem-se ineficazes no decorrer <strong>do</strong> tempo ou serem vislumbradas<br />

outras situações de <strong>trabalho</strong> mais vantajosas, demonstran<strong>do</strong> que o<br />

limite subjetivo e as próprias ações adaptativas não são rígidas. Este é<br />

o caso de um entrevista<strong>do</strong> que <strong>trabalho</strong>u escala<strong>do</strong> na "linha ruim" e<br />

posteriormente conseguiu uma troca para a "linha boa" porque não<br />

estava mais agüentan<strong>do</strong> a linha, sentia-se nervoso, a ponto de gerar<br />

problemas nas relações familiares.<br />

A experiência de afastamento <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> por <strong>do</strong>enças, a<br />

vivência de crises nervosas levam o motorista a rever suas práticas no<br />

<strong>trabalho</strong>:" antes né, qualquer coisinha a gente discutia, brigava com o<br />

passageiro, se o passageiro xingava a gente, a gente também xingava,

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