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abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro

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Pág. 63<br />

A essencialidade desse aspecto para a compreensão da<br />

penosidade <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> é indubitável, da<strong>do</strong> que os motoristas relatam<br />

experiências de <strong>trabalho</strong> associadas ao sofrimento quan<strong>do</strong> da entrada<br />

na profissão: "Ah, a pessoa fica nervosa porque ele passou a motorista<br />

esses dias, então a pessoa fica com me<strong>do</strong> de andar, não tem experiência,<br />

não tem nada. Eu mesmo quan<strong>do</strong> comecei a trabalhar fiquei meio<br />

cisma<strong>do</strong> assim. Não tinhaprática, então a gente fica com receio de andar,<br />

então é numa dessa que os passageiros começam a chiar com agente e a<br />

gente fica nervoso." A familiaridade é um conhecimento que se adquire<br />

e se constrói com a experiência de <strong>trabalho</strong>.<br />

Acostumar-se com o <strong>trabalho</strong> e adquirir prática no <strong>trabalho</strong><br />

são expressões empregadas para designar esse processo de<br />

familiarização gradativa que ocorre durante o exercício da profissão:<br />

"no começo houve um pouco de nervosismo devi<strong>do</strong> ao trânsito, devi<strong>do</strong><br />

né, falta de costume,pâra-pára, então não estava adapta<strong>do</strong> a essas coisas,<br />

né, então eu estranhei". Outros referem que no início <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>,<br />

tinham o desejo de sair, devi<strong>do</strong> ao estranhamento <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>:<br />

"...aconteceu um tempo atrás, eu fui na garagem pediprá me mandar<br />

embora, eu achei que não estava suportan<strong>do</strong>, sabe?" Esses depoimentos<br />

corroboram a afirmação de DEJOURS(1980) de que o perío<strong>do</strong> de<br />

adaptação é "<strong>penoso</strong>".<br />

O processo que visa tornar familiar aquilo que é estranho<br />

implica na tentativa de acomodação, de ajuste entre o trabalha<strong>do</strong>r e o<br />

<strong>trabalho</strong>, envolven<strong>do</strong> também o esforço de tornar-se familiar ao<br />

<strong>trabalho</strong>.<br />

A familiarização com o <strong>trabalho</strong> não é um processo de<br />

aprendizagem que se dá passivamente, não é um caminho de mão<br />

única. Ela se constrói entrelaçan<strong>do</strong>-se ao conhecimento que o<br />

trabalha<strong>do</strong>r já possui. Além disso, não é um processo visan<strong>do</strong> apenas<br />

tornar o <strong>trabalho</strong> familiar, pois, ao mesmo tempo, é um processo de<br />

auto-conhecimento, conhecimento de seus iimites subjetivos, <strong>do</strong>s<br />

limites impostos pelo <strong>trabalho</strong> e de interfaces trabalha<strong>do</strong>r-<strong>trabalho</strong><br />

onde se experiência maior ou menor conforto no <strong>trabalho</strong>. Um <strong>do</strong>s

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