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abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro

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Pág. 69<br />

terceiro onde a irritação associada a incomoda muito aponta para um<br />

excesso ou inconveniência de estímulos (DUARTE, 1986) sensoriais<br />

e físicos, sinalizan<strong>do</strong> que há desconforto.<br />

Assim, a irritação associada a outras palavras-índice<br />

constituem-se em sinaliza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> limite subjetivo <strong>do</strong> suportável nas<br />

dimensões física e mental (estan<strong>do</strong> incluídas aqui a dimensão cognitiva<br />

e emocional).<br />

A irritação sentida pelo motorista sofre determinações<br />

objetivas e subjetivas, pois depende ao mesmo tempo <strong>do</strong>s contextos de<br />

<strong>trabalho</strong> e das características de cada motorista, significan<strong>do</strong> que o<br />

limite subjetivo <strong>do</strong> suportável sofre dupla determinação. No entanto,<br />

as de ordem objetiva parecem ser determinantes na vivência da<br />

irritação: "existem aqueles opera<strong>do</strong>res que são mais calmos e outros que<br />

são mais agita<strong>do</strong>s né. Toda classe tem esse tipo de gente, uns são mais<br />

irrita<strong>do</strong>s... então, mesmo aquele que não é tão irrita<strong>do</strong> ele se sente irrita<strong>do</strong><br />

porque faz parte daquela profissão né, às vezes é o carro que não anda<br />

bem, éruim, é pesa<strong>do</strong>, os passageiros irritan<strong>do</strong>, então você se sente mal".<br />

O sentir-se mal indica que o excesso ou a inconveniência de<br />

estimulações está atingin<strong>do</strong> o iimite <strong>do</strong> suportável ou que este limite<br />

já foi ultrapassa<strong>do</strong>, geran<strong>do</strong> o que denominamos de Ruptura.<br />

Incômo<strong>do</strong>s, esforços e irritações existem em to<strong>do</strong>s os<br />

contextos de <strong>trabalho</strong>: "espinho tem em todas as linhas". A simples<br />

identificação da "penosidade" <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> à existência de provocações<br />

não nos leva ao conceito em questão. Daí a necessidade de lançar mão<br />

de outras formas de expressão, também através da linguagem, onde a<br />

sinalização <strong>do</strong> limite subjetivo passa também por um crivo quantitativo,<br />

objetiva<strong>do</strong> através <strong>do</strong> emprego associa<strong>do</strong> a palavras-asidice de<br />

advérbios de intensidade como muito, demais, ou outras expressões<br />

que denotam uma quantificação como prá caramba. O mesmo ocorre<br />

ainda com algumas expressões bastante corriqueiras na linguagem <strong>do</strong>s<br />

motoristas. Linha Pesada é uma das que denota quantificação<br />

subjacente. É onde tem "muito passageiro", "muito trânsito", "paradas<br />

demais". Para que algo seja senti<strong>do</strong> como excessivo pressupõe-se que<br />

o motorista tenha a noção de um limite subjetivo <strong>do</strong> que é possível

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