abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
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Pág. 95<br />
viagem mais tensa e desconfortável o mesmo ocorren<strong>do</strong> para os<br />
passageiros e cobra<strong>do</strong>r.<br />
Para alguns o ajuste recíproco entre motorista e cobra<strong>do</strong>r<br />
também é importante. Cada dupla tem seus códigos de comunicação,<br />
sabe como é o jeito de cada um. Há duplas que se mantém há muito<br />
tempo compartilhan<strong>do</strong> a mesma tabela e, para expressar esse longo<br />
tempo de companheirismo, um <strong>do</strong>s motoristas refere-se ao cobra<strong>do</strong>r<br />
de escala como "minha noiva".<br />
O que se evidenciou, como tratamos no capítulo anterior,<br />
sair da programação planejada pela administração e da rotina já<br />
internalizada pelo motorista é ruim, mesmo que o imprevisto implique<br />
em terminar a jornada de <strong>trabalho</strong> mais ce<strong>do</strong>. Isto ocorre devi<strong>do</strong> não<br />
só às ações adaptativas já a<strong>do</strong>tadas no <strong>trabalho</strong> mas também porque<br />
muitos planejam a utilização <strong>do</strong> tempo de não <strong>trabalho</strong> em função <strong>do</strong><br />
horário e local de <strong>trabalho</strong>.<br />
Dentre essas ações adaptaüvas, existem aquelas que<br />
aparentemente não geram problemas nem para o motorista e nem para<br />
a qualidade <strong>do</strong> transporte ofereci<strong>do</strong>. Uma análise mais aprofundada<br />
sobre o segun<strong>do</strong> aspecto demandaria um estu<strong>do</strong> específico que não nos<br />
coube realizar.<br />
Uma delas são as pequenas mudanças de itinerário que<br />
abreviam o tempo de duração das meias-viagens, realizadas por alguns<br />
motoristas. Elas são possíveis em algumas condições: em trechos onde<br />
não há pontos de parada e naqueles onde o trânsito é pouco intenso.<br />
Os motoristas que assim procedem justificam sua ação basean<strong>do</strong>-se na<br />
expectativa <strong>do</strong> passageiro com relação à brevidade da duração das<br />
viagens e no tempo maior para as pausas.<br />
Essa mesma argumentação também sustenta a prática de<br />
realização das meias-viagens em tempos menores <strong>do</strong> que o previsto.<br />
Em geral os motoristas procuram correr um pouco mais durante a<br />
meia-viagem que antecede o horário de refeição programa<strong>do</strong> para 30