abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Pág. 12<br />
trabalha to<strong>do</strong>s os dias da sua vida nas mesmas tarefas, e esse destino<br />
não é menos absur<strong>do</strong>. Mas só é trágico nos raros momentos em que<br />
ele se torna consciente" (p.149). Porém, CAMUS vislumbra momentos<br />
de alegria vivi<strong>do</strong>s por Sísifo nesse trágico castigo que lhe foi imputa<strong>do</strong>.<br />
NOSELLA(1987) analisa as várias visões sobre o <strong>trabalho</strong><br />
e sua relação com a ideologia vigente a cada momento histórico<br />
analisa<strong>do</strong>. Para algumas visões o <strong>trabalho</strong> é castigo, para outras o<br />
<strong>trabalho</strong> está intrinsecamente liga<strong>do</strong> à estruturação <strong>do</strong> homem,<br />
poden<strong>do</strong> ser positivo e saudável. FOUCAULT(1978) identifica que o<br />
<strong>trabalho</strong> tem um significa<strong>do</strong> moral, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> como um<br />
remédio para a loucura. Segun<strong>do</strong> WISNER (1987) "O <strong>trabalho</strong> está<br />
envolto com a noção geral de pena, de sofrimento (Bíblia). O que não<br />
é <strong>penoso</strong> não é <strong>trabalho</strong>, aos olhos de alguns" (p.ll).<br />
Em síntese, temos através da análise lingüística que a<br />
palavra "<strong>trabalho</strong>" está intimamente vinculada à palavra "<strong>penoso</strong>".<br />
Além disso temos, através da contribuição histórica, uma vertente que<br />
reforça essa visão e outra que busca o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> substantivo<br />
"<strong>trabalho</strong>" mediante a análise da correlação de forças políticas, as idéias<br />
e interesses vigentes em diferentes momentos históricos,<br />
desvinculan<strong>do</strong> o íntimo parentesco entre o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> substantivo<br />
"<strong>trabalho</strong>" e o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> adjetivo "<strong>penoso</strong>".<br />
Se a<strong>do</strong>tarmos a primeira dessas vertentes admitiremos<br />
também que to<strong>do</strong>s os <strong>trabalho</strong>s são "<strong>penoso</strong>s" es consequentemente,<br />
que o "<strong>trabalho</strong>" confortável ou prazeroso não existe. Mas essa<br />
concepção é contraditória com a própria existência e utilização da<br />
expressão "<strong>trabalho</strong> <strong>penoso</strong>" e pudemos demonstrar que, embora não<br />
se tenha um conceito claro, legisla<strong>do</strong>res, líderes sindicais e estudiosos<br />
da área de saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, a utilizam.<br />
Pelo que vimos discutin<strong>do</strong> até o momento, compreende-se<br />
que o <strong>trabalho</strong> em si implica em esforço, no entanto, quan<strong>do</strong><br />
qualifica<strong>do</strong> como "<strong>penoso</strong>", quer-se dizer que além <strong>do</strong> esforço<br />
característico <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> há um "a mais" que o transforma em castigo,