abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
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de determinada linha em função da articulação desse conjunto de<br />
critérios, que a conformam e a tipificam.<br />
Embora esse seja o mecanismo existente, um ou outro<br />
critério pode ter papei prioritário na escolha. Identificamos alguns<br />
que foram mais freqüentemente cita<strong>do</strong>s: distância <strong>do</strong> local de<br />
residência, fácil acesso de condução para o transporte<br />
casa-<strong>trabalho</strong>-casa, tabela, local de rendição, tipo de passageiros, tipo<br />
de trânsito e perío<strong>do</strong> de <strong>trabalho</strong>.<br />
Os motivos sempre levam em conta obter algum grau de<br />
conforto no <strong>trabalho</strong>: morar próximo ao ponto inicial da linha para<br />
jantar em casa; trabalhar próximo de casa por estar familiariza<strong>do</strong> com<br />
os passageiros ou, ao contrário, trabalhar longe da residência a fim de<br />
evitar que os passageiros se prevaleçam da relação de vizinhança e<br />
amizade existentes para obterem pequenos privilégios no transporte;<br />
operar em linha cujo itinerário seja delinea<strong>do</strong> em sua maior parte por<br />
vias de menor trânsito e poucos cruzamentos; operar em linhas onde<br />
o relacionamento com o passageiro seja mais amistoso.<br />
Evidenciamos nesta investigação a existência, não por<br />
acaso, da coincidência entre as preferências de cada um e as<br />
características da linha. Assim, a tinha ruim, cujas características mais<br />
citadas são o comportamento provoca<strong>do</strong>r <strong>do</strong> passageiro, servir<br />
mora<strong>do</strong>res de um conjunto habitacional popular, trafegar em áreas de<br />
pouco trânsito e poucas paradas, congrega motoristas que não se<br />
incomodam tanto com os passageiros, mas que se incomodam com<br />
"pára-pára" e trânsito congestiona<strong>do</strong>. Para muitos <strong>do</strong>s motoristas dessa<br />
linha os passageiros não são tão provoca<strong>do</strong>res como referem outros<br />
opera<strong>do</strong>res, inclusive motoristas, de outras linhas e da reserva, pois<br />
com o "costume" os passageiros também se adaptam ao motorista e<br />
acabam estabelecen<strong>do</strong> relacionamento de respeito e até de amizade.<br />
De outro la<strong>do</strong>, os motoristas escala<strong>do</strong>s na linha boa, cuja<br />
característica é itinerário traça<strong>do</strong> em vias de grande movimentação e<br />
centros comerciais, servin<strong>do</strong> basicamente a população de classe média,