abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Pág. 84<br />
intrapsíquica. Enquanto para o primeiro autor os mecanismos de<br />
defesa socialmente estrutura<strong>do</strong>s derivam de mecanismos de defesa<br />
individuais, para o segun<strong>do</strong> a ideologia defensiva os substitui. Porém,<br />
apesar de serem formas de adaptação não se pode concluir que são<br />
sadias, mas são aquelas que se mostram viáveis para os trabalha<strong>do</strong>res<br />
lidarem com o sofrimento relaciona<strong>do</strong> ao <strong>trabalho</strong>.<br />
Assim como MENZIES(1970), DEJOURS(1980)<br />
caracteriza a ideologia defensiva como socialmente elaborada, dirigida<br />
contra ansiedade real e partilhada por to<strong>do</strong>s os membros <strong>do</strong> grupo.<br />
MENZIES refere inclusive que os mecanismos adaptativos tornam-se<br />
aspectos da realidade externa.<br />
Esses autores, no entanto, não aprofundam a discussão de<br />
como se dá a estruturação social destes mecanismos e,<br />
consequentemente, como passam a fazer parte da realidade externa.<br />
O aprofundamento da discussão desses <strong>do</strong>is aspectos vem<br />
complementar a análise por eles realizada, pois consideramos que a<br />
construção de tais mecanismos é sustentada de um la<strong>do</strong> por<br />
motivações intrapsíquicas e, de outro, pela sua dimensão social.<br />
A nosso ver, conforme evidências dessa investigação, a<br />
estruturação social das estratégias adaptativas bem como a sua<br />
incorporação na realidade externa dá-se mediante as práticas e a<br />
linguagem <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.<br />
As práticas são ações que visam controlar o <strong>trabalho</strong>. Elas<br />
são coletivamente criadas e a<strong>do</strong>tadas, haven<strong>do</strong> diferenças individuais<br />
quanto àquilo que deve ser controla<strong>do</strong>, na medida em que a<br />
"penosidade" <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> é definida na interação subjetivo-objetivo.<br />
Tais práticas modificam o <strong>trabalho</strong> prescrito e o próprio<br />
comportamento <strong>do</strong>s motoristas frente a ele. Elas implicam não só numa<br />
conformação, num ajuste deste ao trabalha<strong>do</strong>r, mas também e<br />
simultaneamente, num ajuste <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r a ele. Desse processo<br />
resulta um outro <strong>trabalho</strong>, o <strong>trabalho</strong> real, o que é possível, dadas as