abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
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Pág. 13<br />
punição, desconforto e sofrimento. Parece, portanto, que o "<strong>trabalho</strong><br />
<strong>penoso</strong>" comporta uma dimensão quantitativa - a mais - e outra<br />
qualitativa, da<strong>do</strong> que a característica <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> é transformada.<br />
Retornemos então ao que diz Deyl Ozório de OLIVEIRA<br />
(1971), o representante <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Condutores de Veículos<br />
Ro<strong>do</strong>viários e Anexos de Nova Iguaçu, para quem o "<strong>trabalho</strong> <strong>penoso</strong>"<br />
diz respeito ao " <strong>trabalho</strong> desumano, força<strong>do</strong> " (p. 314). Além disso,<br />
ele arrola uma série de elementos da condição de <strong>trabalho</strong> <strong>do</strong><br />
motorista, que nos parece traduzir a concepção de "<strong>trabalho</strong> <strong>penoso</strong>":<br />
" Não só para os técnicos em medicina <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>, como também para<br />
os leigos atentos ao desenvolvimento social, evidencia-se sem grande<br />
esforço de observação, que os motoristas profissionais, pelas<br />
peculiaridades de sua atividade profissional, desenvolvem intensa<br />
atividade física e mental, simultâneas, não só pela realização <strong>do</strong><br />
<strong>trabalho</strong> em si como também, ante a complexidade <strong>do</strong> tráfego<br />
ro<strong>do</strong>viário urbano e de estradas, que os submetem a uma permanente<br />
concentração <strong>do</strong> sistema nervoso, à fixação da atenção, à<br />
responsabilidade pelas vidas e pelo patrimônio sob sua guarda,<br />
cotidianamente.<br />
" O sistema nervoso <strong>do</strong>s profissionais <strong>do</strong> volante está sujeito<br />
a pressões simultâneas e várias, das quais estão isentos os outros<br />
trabalha<strong>do</strong>res. O eleva<strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s veículos, as vidas sob sua<br />
responsabilidade, a vida <strong>do</strong>s pedestres afoitos, a sinalização muitas<br />
vezes defeituosa, o excesso de ruí<strong>do</strong>s, muito acima da taxa de decibéis<br />
além <strong>do</strong> suportável pelo organismo humano, o calor que se desprende<br />
<strong>do</strong> motor, o ar vicia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s coletivos, a fumaça <strong>do</strong>s canos de<br />
escapamento, a conformação anti-anatômica das poltronas <strong>do</strong>s<br />
motoristas, são entre outros, fatores de cansaço e fadiga"(p. 312).<br />
Depreendemos que para ele o "<strong>trabalho</strong> <strong>penoso</strong>" &stà<br />
relaciona<strong>do</strong> a um conjunto de fatores constitutivos da condição de<br />
<strong>trabalho</strong> <strong>do</strong> motorista profissional, engloban<strong>do</strong> desde a presença de<br />
agentes de natureza física como ruí<strong>do</strong> e calor; química, como a fumaça<br />
<strong>do</strong> escapamento; de adequação <strong>do</strong> equipamento como as poltronas; as<br />
condições das estradas e vias; a responsabilidade com o carro, com os