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abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro

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Pág. 100<br />

qualquer coisa irritava, Agora não. Agora eu voltei (após o perío<strong>do</strong> de<br />

afastamento) prá fazer um <strong>trabalho</strong> num outro sistema: se o passageiro<br />

xingar, deixo ele xingar, faço que não tô ouvin<strong>do</strong>, às vezes o trânsito tá<br />

tu<strong>do</strong> entupi<strong>do</strong> e eu já não esquento minha cabeça, se tiver que atrasar vai<br />

atrasar, não tô nem aí com o horário prá cumprir nada. Então isso ajuda<br />

um pouco né e aí você não se irrita né. E outra, eu gosto de ligar o rádio,<br />

eu ligo, me distraio, se o trânsito tápara<strong>do</strong> eu me distraio cantan<strong>do</strong> junto<br />

a música, não esquento a cabeça, quem quer descer, se tiver para<strong>do</strong>, desce.<br />

Antes eu não deixava ninguém descer fora de ponto. Agora, se tápara<strong>do</strong>,<br />

desde que não tá no meio da rua, desce" Isso recoloca outro aspecto da<br />

ação adapiaiiva referente à dimensão subjetiva. Existe uma<br />

modificação <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r também.<br />

As ações adaptaíivas, além de serem dirigidas para evitar<br />

a penosidade <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>, podem ser praticadas para lidar com a<br />

penosidade presente onde, ao sentir-se irrita<strong>do</strong>, nervoso, cansa<strong>do</strong>,<br />

tenso ou <strong>do</strong>ente, o motorista pode lançar mão de uma série de práticas<br />

que lhes possibilitem continuar trabalhan<strong>do</strong> apesar <strong>do</strong> sofrimento e da<br />

<strong>do</strong>ença: "...ele tá irrita<strong>do</strong> ele maltrata o usuário, ele tá com o carro ruim,<br />

ele maltrata... não tem nada a ver uma coisa com a outra, você tá com o<br />

carro ruim, fica nervoso, vai maltratar o usuário... ele faz isso. Ele<br />

(passageiro) no ponto dá sinal, ele (motorista) deixa ele (passageiro),<br />

maltrata o usuário, você tá com raiva, tá transmitin<strong>do</strong> coisas ruins." Em<br />

função disso é que muitos motoristas associam o "misturar" com o<br />

maltrato ao passageiro, à excessiva velocidade, à transgressão de<br />

procedimentos de <strong>trabalho</strong> e das regras de trânsito. Mas não é só em<br />

relação ao usuário que essas ações adaptativas podem trazer prejuízos.<br />

Elas podem interferir no andamento da linha como um to<strong>do</strong>, uma vez<br />

que o <strong>trabalho</strong> é interdependente e por modificar a Programação,<br />

acaba geran<strong>do</strong> irritação nos outros motoristas.<br />

Nesse senti<strong>do</strong> a penosidade <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>, vista através das<br />

ações adaptativas, remete à complexidade de fatores interferin<strong>do</strong><br />

simultaneamente na saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, na organização <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong><br />

em si e na qualidade <strong>do</strong> serviço presta<strong>do</strong> à população.

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