abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro

SUMÁRIO
Partimos da constatação inicial que o termo "trabalho penoso"
não tem uma conceituação clara. Por este motivo esta pesquisa visa
contribuir para a sua delimitação, partindo do conhecimento prático do
motorista de ônibus urbano sobre o seu trabalho. Esse conhecimento foi
analisado sob a ótica das representações sociais.
O estudo de campo teve duração aproximada de quatro meses
onde foram realizadas observações, conversas, acompanhamento da rotina
de trabalho e entrevistas com os motoristas de uma garagem e duas linhas
de ônibus da empresa municipal de transporte coletivo urbano de São Paulo.
Utilizamos como material de análise a linguagem e as práticas.
Concluímos que o Trabalho Penoso refere-se a contextos de
trabalho geradores de incômodo, esforço e sofrimento físico e mental,
sentidos como demasiados, sobre os quais o motorista não tem controle. O
exercício do controle é sustentado pela familiaridade, poder e limite
subjetivo. A impossibilidade de exercê-lo pode levar à "rupíura".
Para operacionalizar o controle os motoristas lançam mão de
"ações adaptativas" coletivamente criadas e praticadas. Elas visam o ajuste
motorista-trabalho e existem em todos os contextos de trabalho, inclusive
quando se dá a "ruptura".
O conceito de Trabalho Penoso permite refletir sobre o
processo saúde-doença em sua relação com o trabalho como a busca de
conforto e melhor sintonia entre trabalho e trabalhadores.
Embora tenhamos focalizado apenas a categoria dos
motoristas de ônibus urbano, as conclusões desse estudo podem ser
utilizadas no estudo da penosidade do trabalho para outras categorias
profissionais.