abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro

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de sua atribuição oficial. Em geral, a relação que o motorista mantém
com o carro de escala é de zelo. Porém nem sempre é possível trabalhar
com carro de escala.
Já no início da jornada algumas intercorrências podem
acontecer: o carro atrasar, constatar-se problemas no carro que
inviabilizem sua permanência na linha , falta de cobrador, atraso na
programação, falta de outros carros na linha. Estas intercorrências
implicam em mudança da rotina estabelecida na Tabela de cada
operador. O trabalho na operação de transporte urbano é organizado
de forma que o trabalho de cada dupla (motorista-cobrador) determina
e é determinado pelo trabalho das outras da mesma linha, sem contar
as influências da manutenção e do espaço de trabalho que, por ser
externo, sofre as interferências do trânsito, das vias e dos passageiros.
Desta forma, as fontes e as formas de determinação são
múltiplas, e variadas. A denominação "linha" parece bastante adequada
pois o andamento do trabalho de cada dupla está ligado ao trabalho de
todas as outras, numa relação de interdependência.
Ao iniciar cada meia-viagem o motorista ou o cobrador
muda o letreiro que indica o destino do ônibus. A cada início e final de
meia-viagem o fiscal anota na Ficha-Repóater do motorista e do
cobrador os respectivos horários. De modo geral essas fichas ficam de
posse do cobrador até o final da jornada.
A dupla motorista-cobrador, uma vez sendo constante, cria
algumas regras de relacionamento profissional, cria códigos de
comunicação e uma divisão de trabalho.
A primeira meia-viagem em geral é aquela onde o
motorista verifica as condições do carro, mesmo sendo o seu carro de
escala, pois, como cada carro é conduzido por pelo menos dois
motoristas na linha, é revisado pelo setor de manutenção e pode ser
por outros motoristas na garagem e utilizado para transportar
operadores durante a madrugada.