abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Pág. 11<br />
ainda em latim, "tripaliare " significava torturar os escravos para que<br />
trabalhassem. Na Idade Média, em Francês, " travail " nomeava o<br />
aparelho utiliza<strong>do</strong> para conter os animais enquanto operavam.<br />
MORAES FILHO (1986) reconstitui a história da palavra<br />
"<strong>trabalho</strong>" copilan<strong>do</strong> contribuições de vários outros autores e constata<br />
a existência de entendimentos distintos quanto à sua origem, mas<br />
encontra como denomina<strong>do</strong>r comum a conclusão de que ela está<br />
envolta com a idéia de castigo, pena, tarefa "penosa", fadiga e esforço,<br />
sen<strong>do</strong>, ainda nos dias de hoje o <strong>trabalho</strong> caracteriza<strong>do</strong> pela noção de<br />
esforço "<strong>penoso</strong>". Porém, como acrescenta ainda a reflexão desse autor,<br />
além da noção de esforço, o <strong>trabalho</strong> tem ainda o caráter de obrigação,<br />
e encontra-se contextualiza<strong>do</strong> por sua finalidade econômica.<br />
Esse autor discute ainda a tarefa que algumas ciências e<br />
a filosofia tem procura<strong>do</strong> cumprir:" o de diminuir o máximo possível<br />
a penosidade <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>, tornan<strong>do</strong>-o uma atividade espontânea,<br />
alegre e feliz."(p. 129).<br />
FERREIRA (Ia. edição, 4a. impressão), ao buscar<br />
sinônimos para a palavra Trabalho, refere-se ao Mito de Sísifo:" Segun<strong>do</strong><br />
a lenda grega, Sísifo, rei de Corinto, ten<strong>do</strong> escapa<strong>do</strong><br />
astuciosamente a Tânatos, o deus da morte, envia<strong>do</strong> por Zeus para<br />
castigá-lo, foi leva<strong>do</strong> por Hermes ao Inferno, onde o condenaram ao<br />
suplício de rolar uma rocha até o cimo de um monte, <strong>do</strong>nde ela se<br />
despencava, deven<strong>do</strong> o condena<strong>do</strong> recomeçar incessantemente o<br />
<strong>trabalho</strong>" (p.1404). O mito revela que aquele que escapa da morte é<br />
condena<strong>do</strong> ao <strong>trabalho</strong> força<strong>do</strong> como castigo, como pena.<br />
CAMUS (s.d.) objetivan<strong>do</strong> refletir sobre o absur<strong>do</strong><br />
reporta-se ao mito de Sísifo e atribui sabe<strong>do</strong>ria aos deuses por<br />
a<strong>do</strong>tarem como o" castigo mais terrível" (p.107) o <strong>trabalho</strong> inútil e sem<br />
esperança. O filósofo conclui que o mito só é trágico porque Sísifo tem<br />
consciência de sua condição, de que seu <strong>trabalho</strong> é inútil e de que não<br />
terá fim. " Onde estaria, com efeito, a sua tortura se a cada passo a<br />
esperança de conseguir o ajudasse ? " (p.149). E transporta para o<br />
trabalha<strong>do</strong>r de hoje a mesma condição <strong>do</strong> mito:" O operário de hoje