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abordagem psicossocial do trabalho penoso: estudo ... - Fundacentro

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Pág. 65<br />

porta da frente, não pagam passagem, rasgam o banco <strong>do</strong> ônibus,<br />

escrevem na parede e no teto". O imprevisto incomoda pois nem sempre<br />

sé sabe como lidar com ele.<br />

Desconhecer o <strong>trabalho</strong> é uma das razões que estão<br />

subjacentes à concepção <strong>do</strong> Trabalho Penoso. Por outro la<strong>do</strong>, estar<br />

familiariza<strong>do</strong> com o <strong>trabalho</strong> , por si só não significa a ausência de<br />

contextos de <strong>trabalho</strong> identifica<strong>do</strong>s como "<strong>penoso</strong>s", pois há uma outra<br />

dimensão que diz respeito à possibilidade de materializar as<br />

expectativas geradas, em parte, pelo conhecimento.<br />

O conhecimento <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> e <strong>do</strong> limite subjetivo gera<br />

expectativas de duas ordens, pelo menos: cumprir com regras<br />

pré-estabelecidas pela empresa ou criadas pelos motoristas no<br />

decorrer <strong>do</strong> processo de familiarização e respeitar o seu limite<br />

subjetivo.<br />

No entanto, tais expectativas, para serem concretizadas,<br />

dependem da detenção de algum grau de poder para atuar: " tem<br />

itinerário que é mais desagradável prá gente, né. Trânsito né, irrita<br />

bastante. Geralmente o trânsito é uma calamidade prá irritar a gente. As<br />

vezes você não tem condição de fazer aquele horário, o passageiro fala:<br />

'vamo embora motorista... não anda nada!' O outro: 'o que que é isso,<br />

você é mole?'Então aquilo né, não tem condições né. Você pede passagem<br />

prá um carro eles fazem gesto feio prá gente. Então isso vai acarretan<strong>do</strong><br />

bastante nervo na gente". No processo de familiarização está envolvi<strong>do</strong><br />

também o conhecimento sobre o poder que individualmente detém<br />

para atuar sobre o <strong>trabalho</strong> e, mesmo conhecen<strong>do</strong> as regras <strong>do</strong><br />

<strong>trabalho</strong>, as expectativas <strong>do</strong>s passageiros e as suas, experimenta-se<br />

sentimentos de irritação e nervosismo associadas à submissão.<br />

A familiaridade com o <strong>trabalho</strong> capacita o motorista a<br />

prever as conseqüências de cada tipo de problema. São os "imprevistos"<br />

que têm conseqüências previsíveis, mas nem sempre controláveis.

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