Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download
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só para os covardes.<br />
— Não, é para os exploradores. De qualquer modo, você é que sabe... — Cerise deu um<br />
tapinha na mão de Eve, largou-a e deu uma gargalhada forte na direção do vento. — Ah, meu<br />
Deus, estou tão feliz! — disse novamente e, abrindo os braços totalmente, inclinou-se para a<br />
frente e se lançou no espaço.<br />
Por instinto, Eve tentou agarrá-la. Quase perdeu o equilíbrio quando as pontas dos dedos<br />
tocaram o quadril de Cerise. Atirou-se para o lado e lutou contra a corrente de ar que a puxava,<br />
convidando-a a seguir Cerise. A gravidade trabalhou depressa e sem pena. Eve olhou para baixo,<br />
para aquele rosto que sorria de modo selvagem, até que ele se transformou em um borrão.<br />
— Meu Deus! Meu Deus! — Tonta com a reação, ela forçou a cabeça para trás e fechou os<br />
olhos. Berros e gritos de desespero explodiram em volta dela, e ela sentiu o deslocamento de ar<br />
de uma van com repórteres que se aproximavam para um close de seu rosto.<br />
— Tenente!... Dallas!<br />
A voz parecia um zumbido de abelha em seus ouvidos, e Eve simplesmente balançou a cabeça.<br />
No terraço, Peabody olhava para baixo e lutava contra o enjoo que lhe subia até a garganta.<br />
Tudo o que conseguia ver agora era que Eve estava paralisada, presa na saliência do prédio,<br />
branca como um lençol, e um movimento em falso a lançaria atrás da mulher que tentara salvar.<br />
Respirando fundo, Peabody ensaiou mentalmente o tom de voz para que saísse com um jeito<br />
determinado e profissional.<br />
— Tenente Dallas, preciso que venha até aqui. Exijo um relato completo do que acaba de<br />
ocorrer!<br />
— Sim, estou ouvindo!... — disse Eve, com a voz cansada. Mantendo o rosto reto, olhando<br />
para a frente, ela apalpou por trás das costas até alcançar a borda da mureta. Quando uma mão se<br />
enganchou na dela, conseguiu se colocar em pé. Virando as costas para o abismo, ela olhou de<br />
frente para Peabody, e viu o medo que havia em seus olhos. — A última vez em que pensei em<br />
pular de um lugar alto foi quando tinha oito anos. — Embora suas pernas estivessem trêmulas, ela<br />
conseguiu lançá-las por cima da mureta e pulou no terraço. — Não vou descer por aquele<br />
caminho.<br />
— Nossa, Dallas! — Esquecendo-se de si mesma por um instante, Peabody deu um abraço<br />
apertado em Eve. — Você me deu um tremendo susto! Achei que ela ia carregar você, quando se<br />
jogou.<br />
— Eu também. Mas ela não fez isso. Agora se controle, Peabody. A mídia vai ter um dia e<br />
tanto!<br />
— Desculpe... — Peabody se afastou de Eve e ficou ligeiramente corada. — Desculpe.<br />
— Tudo bem. — Eve olhou para o lugar onde o psiquiatra estava debruçado, sobre a mureta,<br />
com uma das mãos no coração, posando para as atarefadas câmeras. — Babaca! — murmurou, e<br />
enfiou as mãos dentro dos bolsos. Ela precisava de apenas um minuto, só mais um minuto para se<br />
refazer. — Eu não consegui impedi-la, Peabody. Não consegui achar o botão certo para apertar.<br />
— Às vezes não há um botão.<br />
— Há um botão que foi apertado para colocá-la naquele estado — disse Eve, baixinho. —<br />
Deve haver um para ser desligado.<br />
— Sinto muito, Dallas. Você a conhecia.<br />
— Na verdade, não. Era apenas uma dessas pessoas que passam por uma das esquinas da sua<br />
vida — e tentou deixar o assunto de lado, tinha que deixá-lo de lado. A morte, embora fosse um