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Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download

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Ao voltar para casa, estava em frangalhos. Não conseguira jantar, o que considerou uma coisa<br />

boa, já que passou o resto do dia no necrotério, analisando o que sobrara de Cerise Devane.<br />

Até mesmo o estômago de uma policial veterana era capaz de se embrulhar com a visão<br />

daquilo.<br />

O pior é que não conseguiria nada ali, nadinha... Tinha dúvidas de que algum equipamento<br />

conseguisse reconstruir o bastante do cérebro de Devane para servir de alguma ajuda. Talvez<br />

nem mesmo a aparelhagem de Roarke fosse capaz disso.<br />

Entrou em casa, quase tropeçou no gato que estava esticado bem na passagem, e reuniu o resto<br />

das forças para se abaixar e pegá-lo no colo. Ele olhou para ela com atenção, deixando<br />

transparecer um pouco de chateação em seus olhos bicolores.<br />

— Você não seria chutado, meu chapa, se enrolasse o seu traseiro gordo em outro lugar.<br />

— Tenente.<br />

Eve colocou o gato sob o braço e olhou para Summerset, que, como sempre, surgira do nada.<br />

— Já sei, estou atrasada! — reagiu. — Tire dois pontos do meu boletim.<br />

Ele não externou as habituais críticas contundentes. Acompanhara os noticiários durante todo o<br />

dia no canal de notícias, a vira do lado de fora do prédio, sobre uma saliência estreita, e reparara<br />

bem o seu rosto.<br />

— A senhora deve estar querendo jantar — ofereceu ele.<br />

— Não, não quero. — O que queria era ir para a cama, e saiu em direção à escada.<br />

— Tenente... — Esperou pelo resmungo irritado dela, até que ela virou a cabeça lentamente,<br />

olhando para ele com cara feia. — Uma mulher que salta a mureta para ficar pendurada no alto<br />

de um prédio ou é muito corajosa ou muito burra.<br />

A cara feia se transformou em um olhar de deboche.<br />

— Não preciso perguntar em que categoria você me coloca...<br />

— Não, não precisa — e observou-a enquanto subia as escadas, pensando que sua coragem era<br />

aterradora.<br />

O quarto estava vazio. Eve pensou em acionar o scanner de busca por toda a casa, que lhe<br />

informaria a localização de Roarke em um minuto, mas se jogou de cara na cama. Galahad se<br />

desvencilhou dos braços de Eve e subiu em seu traseiro, onde ficou se remexendo em círculos até<br />

ajeitar o lugar com todo o conforto.<br />

Roarke a encontrou três minutos mais tarde, toda esparramada sobre a cama, com um gato<br />

enroscado guardando-lhe o flanco.<br />

Simplesmente ficou ali, avaliando-a por algum tempo. Ele, também, assistira ao noticiário. As<br />

imagens o deixaram paralisado, com a boca seca e os intestinos soltos. Ele sempre soube sobre a<br />

frequência com que ela enfrentava a morte, não só dos outros como também a sua própria, e disse<br />

a si mesmo que precisava aceitar aquilo.<br />

Naquela manhã, porém, ele assistira a tudo, impotente, enquanto ela estava com a vida por um<br />

fio. Olhara para os olhos dela e vira a bravura e o medo. E sofrera muito.<br />

Agora, ali estava ela, em casa, uma mulher com ossos fortes e mais músculos do que curvas, um<br />

cabelo que precisava de cuidados com urgência e botas com solas muito gastas.<br />

Ele se aproximou, sentou-se na beira da cama e colocou a mão com carinho sobre a mulher que<br />

estava meio encolhida, mas parecia muito relaxada, sobre a colcha.<br />

— Só estou aqui esperando recuperar o fôlego — murmurou ela.<br />

— Dá para notar. Podemos sair para dançar em um minuto.

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