Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download
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— Dallas... Oi, Dallas! Não te vejo há um bom tempo!... — e exibiu dentes brancos e imensos<br />
enquanto olhava Peabody de cima a baixo. — Quem é esta?<br />
— Peabody, este é o Clevis. Clevis, você não vai incomodar aquelas garotinhas, vai?<br />
— Não, que é isso?!... Hã-hã... — e balançou a cabeça. — Eu não ia incomodá-las, ia só<br />
mostrar uma coisa para elas.<br />
— Não, você não deve fazer isso, Clevis. O ideal era você entrar em algum lugar protegido<br />
para fugir desse calor.<br />
— Mas eu gosto das coisas quentes! — e soltou uma gargalhada. — Ah... lá vão elas... —<br />
reclamou com um suspiro, enquanto as três meninas atravessavam a rua, sorridentes. — Acho que<br />
agora eu não vou poder mais mostrar a elas. Mas posso mostrar a você...<br />
— Não, Clevis, não... — e Eve soltou o ar com força. Ele já abrira o casacão com os dois<br />
braços. Por baixo, estava nu, exceto por um imenso laço de fita azul para presente que colocara<br />
em volta do pinto murcho. — Muito bom, Clevis. Gostei da cor... Combina com os seus olhos —<br />
e colocou uma das mãos em seu ombro, com camaradagem. — Agora, vamos dar um passeio no<br />
carro da polícia, tá legal?<br />
— Oba, oba!... E você também gosta de azul, Peabody? — perguntou Clevis.<br />
Peabody fez que sim com a cabeça, com ar solene, enquanto abria a porta traseira da viatura,<br />
ajudando-o a entrar.<br />
— Azul é a minha cor predileta — confirmou Peabody, fechando a porta do veículo e olhando<br />
para Eve, que sorria com os olhos. — Seja bem-vinda de volta, tenente.<br />
— Sabe, Peabody?... é bom estar de volta. Com tudo e por tudo, é muito bom estar de volta...<br />
Também era bom voltar para casa. Eve levou o veículo através dos altos portões de ferro que<br />
guardavam a fortaleza que se elevava adiante. Olhar para aquilo agora era menos chocante, e se<br />
tornara comum para ela fazer as curvas suaves da alameda de entrada, passando pelos gramados<br />
bem-cuidados e árvores que floresciam, enquanto seguia com o carro em direção à elegante casa<br />
de pedra e vidro onde agora residia.<br />
O contraste entre o lugar em que trabalhava e o lugar em que morava já não a abalava tanto. Era<br />
calmo ali. Havia o tipo de quietude que, em uma cidade massificada como aquela, só mesmo os<br />
muito ricos podiam bancar. Ali dava para se ouvir passarinhos cantando, ver o céu e sentir o<br />
cheirinho de grama recém-cortada. A minutos dali, poucos minutos, ficava a barulhenta,<br />
superpovoada e suarenta massa de Nova York.<br />
Eve sentia que aquele espaço era uma espécie de santuário, tanto para Roarke quanto para ela<br />
mesma.<br />
Duas almas perdidas. Foi assim que Roarke se referira a eles certa vez. Ficou se perguntando<br />
se eles haviam deixado de se sentir perdidos no momento em que encontraram um ao outro.<br />
Eve deixou o carro do lado de fora da entrada principal, sabendo muito bem que o estado<br />
lastimável da carroceria e o modelo horrível do veículo seriam uma ofensa para Summerset, o<br />
mordomo com cara de fantasma de Roarke. Era uma simples questão de deixar o carro no piloto<br />
automático, mandá-lo rodear a casa e entrar na vaga reservada para ele na garagem, mas Eve não<br />
perdia uma oportunidade de implicar com Summerset, e curtia isso.<br />
Ao abrir a porta, encontrou-o em pé no imenso saguão, com o nariz torcido e os lábios<br />
apertados.<br />
— Tenente, o seu veículo é horroroso!<br />
— Ei, veja como fala, aquilo é propriedade municipal! — e se agachou para pegar o gato