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Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download

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Havia uma galeria acima de uma das salas de autópsia, e lá ficavam estudantes, recrutas,<br />

jornalistas e romancistas devidamente credenciados para testemunhar em primeira mão os<br />

intrincados trabalhos da medicina legal.<br />

Monitores individuais em cada poltrona ofereciam visões ao vivo, em close, de todo o<br />

trabalho, para os que possuíam estômago forte.<br />

Muitos deles nunca mais voltavam lá. Outros saíam carregados.<br />

Eve saíra usando as próprias pernas e voltara ali inúmeras vezes, embora jamais gostasse<br />

dessas visitas.<br />

Seu objetivo desta vez não era o local ao qual os policiais se referiam como "O Teatro", mas<br />

sim o Laboratório C, onde Morris realizava a maior parte de seu trabalho. Eve passou pelos<br />

corredores revestidos de azulejos brancos e piso verde. Dava para sentir o cheiro da morte ali.<br />

Não importava a substância que usassem para desinfetar o ambiente, aquele fedor penetrante<br />

permanecia nas fendas, em torno dos portais e empesteava o ar com a sombria lembrança da<br />

mortalidade.<br />

A ciência médica erradicara pragas, uma imensa quantidade de doenças e condições maléficas,<br />

estendera a expectativa de vida para uma média de cento e cinquenta anos. A tecnologia<br />

cosmética assegurara que o ser humano poderia viver com uma aparência atraente por todo esse<br />

século e meio.<br />

Era possível morrer sem uma ruga sequer, sem manchas senis, sem dores, inflamações ou ossos<br />

porosos que se desintegravam. Mesmo assim, no entanto, as pessoas iam morrer, mais cedo ou<br />

mais tarde.<br />

Para muitos dos que aportavam naquele local, o dia chegara mais cedo.<br />

Parando na frente da porta do Laboratório C, Eve segurou seu distintivo diante da câmera de<br />

segurança e informou seu nome e número de identidade no microfone. Sua impressão palmar foi<br />

igualmente analisada e autorizada. A porta se abriu para o lado.<br />

Era uma sala pequena, sem janelas e deprimente, com as paredes forradas de equipamentos e<br />

computadores que emitiam bipes constantes. Algumas das ferramentas arrumadas de forma<br />

metódica nas bandejas espalhadas sobre o balcão eram bárbaras o bastante para fazer alguém<br />

mais fraco estremecer. Eram serrotes, facas a laser, lâminas brilhantes de bisturis e estranhos<br />

caninhos metálicos.<br />

No centro da sala estava uma mesa com calhas laterais para recolher fluidos e leválos até<br />

recipientes especiais, onde ficariam armazenados a vácuo para posterior análise. Sobre a mesa<br />

estava Fitzhugh, com o corpo nu exibindo as cicatrizes profundas da recente incisão torácica em<br />

forma de "Y".<br />

Morris estava sentado em uma cadeira giratória diante de um monitor, com o rosto colado na<br />

tela. Usava um jaleco branco comprido que quase arrastava no chão. Aquela era uma de suas<br />

poucas afetações, o jaleco comprido que ondulava e girava em torno dele como se fosse um<br />

daqueles velhos casacos escuros de assaltantes de estradas, inflando a cada vez que ele circulava<br />

pelos corredores. Seu cabelo repuxado todo para trás vivia preso em um comprido rabo-decavalo.<br />

Eve sabia, pela forma com que ele a chamara pessoalmente, em vez de mandar o recado por<br />

algum de seus auxiliares, que o que tinha pela frente devia ser bastante incomum.<br />

— Como vai, doutor Morris?<br />

— Olá, tenente — respondeu ele, sem se virar. — Jamais vi algo assim, em trinta anos

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