Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download
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CAPÍTULO NOVE<br />
Eve não gostava de quebrar as regras, mas mesmo assim se viu diante da porta trancada da sala<br />
privativa de Roarke. Era desconcertante sentir que, depois de uma década seguindo todas as<br />
instruções ao pé da letra, ela estava ali, achando muito natural o fato de estar driblando os<br />
procedimentos corretos.<br />
Os fins justificam os meios?, perguntou-se. E os meios são assim tão inaceitáveis, afinal? O<br />
equipamento da sala secreta não tinha registro e não era detectado pelo Compuguard, o sistema<br />
de proteção da polícia contra invasores. Era, portanto, ilegal. Por outro lado, era uma<br />
aparelhagem topo de linha. Os sistemas reservados pelas verbas oficiais para a polícia e a<br />
Secretaria de Segurança eram patéticos de tão ínfimos, e tudo já vinha obsoleto quase que a<br />
partir do momento da instalação. Além do mais, a cota de verbas da Divisão de Homicídios era<br />
ainda mais apertada, e o valor estava desatualizado.<br />
Bateu com os dedos sobre o disco, que continuava dentro de seu bolso, e trocou o peso do<br />
corpo de um pé para outro. Ah, que se dane!, decidiu, por fim. Ela podia escolher entre ser uma<br />
policial certinha, virar as costas e ir embora ou ser esperta.<br />
Colocou a palma da mão sobre a tela de segurança e se apresentou:<br />
— Tenente Eve Dallas.<br />
As trancas se abriram eletronicamente com um estalo curto e a porta se abriu, revelando o<br />
imenso banco de dados de Roarke. A comprida parede curva cheia de janelas tratadas para não<br />
deixar a luz nem os olhares curiosos penetrarem mantinha a sala o tempo todo nas sombras. Ela<br />
ordenou que as luzes se acendessem, tornou a trancar a porta e caminhou até o largo console em<br />
forma de "U".<br />
Roarke programara a palma de sua mão e sua impressão vocal e as colocara no sistema, vários<br />
meses antes, mas ela jamais usara o equipamento por conta própria. Mesmo agora, depois que<br />
eles já estavam casados, ela se sentia como uma intrusa ali.<br />
Obrigando-se a se sentar em uma cadeira que colocou diante do console, ordenou:<br />
— Unidade 1, acionar! — Ouviu o zumbido distante e suave do equipamento de alto nível, que<br />
respondeu de imediato, e quase soltou um suspiro. Seu disco foi aceito pelo sistema sem<br />
problemas, entrando suavemente, e em poucos segundos já estava sendo decodificado e lido pela<br />
unidade civil. — E lá se foi para o espaço, mais uma vez, a elaborada segurança do<br />
Departamento de Polícia da cidade de Nova York — resmungou. — Acender telão! Exibir dados<br />
de Fitzhugh, arquivo H-12871. Dividir a tela com Mathias, arquivo S-30912.<br />
Os dados começaram a fluir com suavidade, surgindo na gigantesca tela que ficava diante do<br />
console. Eve ficou tão admirada que se esqueceu de se sentir culpada. Inclinou-se para a frente,