Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download
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do robô que gravava toda a sessão e se encaminhando para a tribuna do júri, colocando-se diante<br />
de uma das seis câmeras automáticas para mostrar a mão que pousava sobre o ombro magro de<br />
Salvatori, em sinal de solidariedade. — A senhora teve que imobilizá-lo e esse ato resultou na<br />
fratura do seu maxilar e no esfacelamento de seu braço.<br />
Eve lançou um olhar de relance em direção ao júri. Vários jurados estavam com uma evidente<br />
cara de pena.<br />
— Essa informação é correta — confirmou Eve. — O senhor Salvatori recusou-se a atender ao<br />
meu pedido para que saísse do prédio e largasse o cutelo de açougueiro e a tocha de acetileno<br />
que tinha nas mãos.<br />
— A senhora estava armada, tenente?<br />
— Estava.<br />
— E carregava a arma padrão utilizada pelos membros do Departamento de Polícia de Nova<br />
York?<br />
— Sim.<br />
— Então, se o senhor Salvatori estava armado e resistia à ordem de prisão, como a senhora<br />
afirma, por que razão não procedeu da forma regulamentar, atingindo-o com a arma posicionada<br />
para atordoar?<br />
— Eu errei o alvo. O senhor Salvatori estava se sentindo muito bem e se mostrou bastante ágil<br />
naquela noite.<br />
— Entendo. Nos seus dez anos de polícia, tenente, quantas vezes a senhora já julgou necessário<br />
empregar a força máxima da arma? Quantas vezes atirou para matar?<br />
Eve ignorou a fisgada no estômago e respondeu:<br />
— Três vezes.<br />
— Três?! — Fitzhugh deixou a palavra em suspenso, deixando que o júri avaliasse a mulher<br />
que ocupava a cadeira das testemunhas. Uma mulher que já matara. — Essa relação de três<br />
mortes em dez anos não é um pouco alta? A senhora não diria que essa porcentagem indica uma<br />
certa predileção de sua parte pela violência?<br />
O promotor pulou na mesma hora, apresentando um protesto com cara azeda e citando a frase<br />
padrão que dizia que não era a testemunha que estava sob julgamento. Mas é claro que estava,<br />
pensou Eve. Tiras estavam sempre sob julgamento.<br />
— O senhor Salvatori estava armado — Eve começou a falar, com toda a frieza. — Eu trazia<br />
um mandado de prisão pela tortura de três pessoas. Três pessoas que tiveram os olhos vazados e<br />
as línguas arrancadas antes de serem queimadas vivas, crimes pelos quais o senhor Salvatori está<br />
hoje sendo julgado nesta corte. Ele se recusou a cooperar e deixou isso bem claro ao mirar a<br />
minha cabeça e me atirar o cutelo, o que acabou por prejudicar a minha mira. A seguir ele me<br />
atacou, jogando-me no chão. Acredito que as suas palavras nessa ocasião foram: "Vou arrancar o<br />
seu coração fora, sua piranha!", e foi nesse momento que nos lançamos em uma luta corpo a<br />
corpo. Segundos depois eu quebrei seu maxilar, arranquei-lhe vários dentes e, quando ele tentou<br />
me atingir com a chama da tocha de acetileno, quebrei a porcaria do seu braço.<br />
— E a senhora sentiu prazer ao fazer isso, tenente?<br />
Eve olhou fixamente para Fitzhugh por algum tempo, até que, finalmente, respondeu:<br />
— Não, senhor, não senti prazer nisso. O grande prazer que eu senti foi o de continuar viva.