Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download
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A maioria dos técnicos usava as alas já prontas do hotel como moradia. Carter e Mathias<br />
aparentemente se davam bem e dividiam uma espaçosa suíte de dois quartos durante as<br />
temporadas que passavam na estação espacial onde ficava o resort. Enquanto desciam para o<br />
décimo andar, Eve entregou a Roarke o gravador portátil, perguntando:<br />
— Você sabe mexer com isso, não sabe?<br />
Ele levantou uma sobrancelha, em resposta. Uma de suas companhias é que o fabricara.<br />
Finalmente, falou:<br />
— Acho que consigo fazê-lo funcionar sim.<br />
— Ótimo! — Eve lançou-lhe um sorriso fraco. — Você está nomeado como ajudante. Está<br />
conseguindo se aguentar, Carter?<br />
— Estou... — mas ele saiu do elevador no décimo andar e foi caminhando pelo corredor como<br />
se fosse um bêbado tentando passar no teste de sobriedade. Teve que enxugar a mão suada duas<br />
vezes na lateral da calça, até conseguir uma leitura clara de suas impressões palmares. Quando a<br />
porta se abriu, deu um passo para trás, informando:<br />
— Eu preferia não tornar a entrar aí dentro.<br />
— Então fique aqui fora — disse-lhe Eve —, mas não vá embora. Posso precisar de você.<br />
Ela entrou. As luzes estavam todas acesas e a iluminação era quase ofuscante. Música saía em<br />
explosões das caixas de som embutidas: rock pesado e barulhento, com uma vocalista esganiçada<br />
que fez com que Eve se lembrasse de sua grande amiga, Mavis. O piso era todo em lajotões em<br />
tom de azul caribenho e fornecia a ilusão de um passeio sobre as águas.<br />
Ao longo das paredes norte e sul havia bancadas cheias de computadores ligados. Estações de<br />
trabalho, Eve imaginou, entulhadas com todo tipo de placas eletrônicas, microchips e<br />
ferramentas.<br />
Ela viu roupas jogadas sobre o sofá e reparou que havia óculos de realidade virtual sobre a<br />
mesinha de centro, acompanhados de três latinhas de cerveja asiática, duas delas já amassadas e<br />
prontas para serem atiradas na unidade de reciclagem, além de uma tigela cheia de biscoitinhos<br />
pretzel.<br />
E viu o corpo nu de Drew Mathias balançando suavemente, pendurado em um laço improvisado<br />
feito com lençóis que estavam presos à base brilhante de um lustre de vidro azul.<br />
— Ah, que inferno isso! — lamentou Eve. — Que idade ele tinha, Roarke, vinte?<br />
— Pouco mais do que isso. — A boca de Roarke se apertou enquanto avaliava o rosto de<br />
garoto de Mathias. Estava roxo agora, com os olhos esbugalhados e a boca paralisada, congelada<br />
em um sorriso aberto e horrível. Por alguma cruel extravagância da morte, ele morrera sorrindo.<br />
— Tudo bem, vamos fazer o melhor que pudermos. Aqui fala a tenente Eve Dallas, do<br />
Departamento de Polícia da cidade de Nova York, assumindo o comando até que as autoridades<br />
apropriadas para casos como este possam ser contatadas e trazidas para a estação espacial<br />
Olympus. Caso de morte suspeita, ocorrida sem a presença de testemunhas. O nome da vítima é<br />
Drew Mathias, o local é Olympus Grand Hotel, quarto<br />
1036. A data é 19 de agosto de 2058, uma hora da manhã.<br />
— Eu queria baixá-lo dali — pediu Roarke. Ele não parecia surpreso ao ver a rapidez e a<br />
segurança com que sua esposa passava de mulher para policial.