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Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download

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— Lama humana! — murmurou Eve ao entrar de volta no carro.<br />

— Ele não vai conseguir livrar Salvatori dessa. — Peabody se instalou no veículo e, para<br />

dispersar o calor interno que transformava o carro em uma fornalha, começou a mexer nos<br />

controles do ar-condicionado. — As provas são muito fortes e claras. E a senhora não se mostrou<br />

abalada por ele.<br />

— Mas fiquei sim. — Eve passou as mãos pelos cabelos e então seguiu em frente, em direção<br />

ao pesado tráfego de final de tarde no centro da cidade. As ruas estavam tão engarrafadas que ela<br />

rangeu os dentes de raiva. Acima delas, porém, o céu estava entrecortado e cheio de ônibus<br />

aéreos, vans com turistas e coletivos diversos. — A gente se esforça, corre atrás do prejuízo,<br />

consegue tirar canalhas como Salvatori das ruas e homens como Fitzhugh arrebanham fortunas<br />

pondo-os de volta em liberdade... — e levantou o ombro. — Às vezes isso me deixa pau da vida!<br />

— Não importa que alguém consiga libertá-los, a gente volta a correr atrás do prejuízo e os<br />

prende novamente.<br />

Soltando uma leve risada, Eve olhou por um instante para a sua acompanhante e disse:<br />

— Você é otimista, Peabody. Fico imaginando por quanto tempo esse seu idealismo vai<br />

aguentar. Vou ter que fazer um desvio de rota agora, antes de voltarmos para a central — e<br />

mudou de direção, agindo por impulso. — Quero dar um tempo até aquele ar carregado do<br />

tribunal sair todo dos meus pulmões.<br />

— Tenente... a senhora não precisava de mim no julgamento hoje. Por que me levou até lá?<br />

— Se você estiver realmente a fim de conseguir aquele distintivo de detetive, Peabody, precisa<br />

aprender contra o que nós temos que lutar. Não são apenas os assassinos, ladrões e viciados<br />

doidos. São os advogados.<br />

Eve não se surpreendeu ao ver que as ruas continuavam completamente congestionadas e sem<br />

um lugarzinho para estacionar. Agindo de forma racional, embicou em uma zona ilegal e acendeu<br />

a luz externa do teto, mostrando que ela estava ali a serviço.<br />

Ao sair do carro, lançou um olhar significativo para um garoto de programa que estava sobre<br />

uma prancha aérea, olhando em volta. Ele sorriu, piscou o olho para ela e saiu zunindo dali, em<br />

busca de um local mais acolhedor.<br />

— Essa área toda está cheia de garotos de programa, traficantes e prostitutas sem licença —<br />

explicou Eve, em tom de conversa. — É por isso que adoro essa parte da cidade... — Abriu a<br />

porta da Boate Baixaria e entrou, sendo atingida na mesma hora pelo ar pesado que fedia a<br />

bebida barata e comida ruim.<br />

Quartos privativos estavam alinhados em uma das paredes, todos com as portas abertas para<br />

espalhar o fedor estranho do sexo casual que ocorrera ali na véspera.<br />

Era uma espelunca que gostava de exibir um ar sórdido e gravitava quase fora dos limites<br />

determinados pela Saúde Pública e as leis da decência. A imagem holográfica de uma banda de<br />

rock estava sobre o palco, tocando de forma apática para meia dúzia de gatos-pingados<br />

igualmente desinteressados.<br />

Mavis Freestone estava em uma cabine à prova de som nos fundos. Seus cabelos pareciam uma<br />

fonte roxa que jorrava para todos os lados e duas pequenas tiras de tecido prateado estavam<br />

estrategicamente esticadas sobre o seu corpo pequeno e ousado. Pelo jeito com que a sua boca se<br />

movia e os lábios giravam, Eve notou que ela estava ensaiando um dos seus números vocais mais<br />

interessantes.<br />

Eve ficou diante da porta de vidro, esperando, até que os olhos de Mavis circularam pela

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