Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download
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acontecer naquele momento, naquele lugar e da maneira que ele escolheu. As circunstâncias<br />
poderiam ter alterado alguns dados, é claro, mas os resultados teriam sido os mesmos no final.<br />
Este era, na essência, o seu destino.<br />
Destino?, pensou Eve. Será que o dela era ser estuprada e sofrer todo o tipo de abusos do<br />
próprio pai? Transformar-se em uma pessoa menos do que humana e ter que lutar e forçar o seu<br />
caminho através do abismo?<br />
Mira balançava a cabeça lentamente e comentava:<br />
— Não posso concordar com isso. Uma criança nascida na miséria em um subúrbio de<br />
Budapeste, levada dali pela mãe ao nascer e criada com todos os privilégios, com amor e<br />
carinho, em Paris, iria fatalmente refletir essa criação, essa educação. O ninho emocional —<br />
insistiu ela — e o instinto humano básico de se tornar uma pessoa melhor não podem ser<br />
descartados.<br />
— Concordo, mas só até certo ponto — restringiu Reeanna. — Acho que o rótulo do nosso<br />
código genético, que nos torna predispostos ao sucesso, ao fracasso, ao bem ou ao mal... isso se<br />
sobrepõe a todo o resto. Mesmo no mais amoroso e bem-nutrido dos ambientes os monstros se<br />
desenvolvem; da mesma forma, mesmo nos esgotos do universo, a bondade e até a grandeza<br />
sobrevivem. Somos o que somos... O resto é só um pouco de molho para dourar a pílula.<br />
— Segundo a sua teoria — disse Eve, lentamente —, a vítima em questão já estava fadada a<br />
tirar a própria vida. Nenhuma circunstância, nenhuma reviravolta em sua vida, nenhum desvio no<br />
caminho ou mudanças proporcionadas pelo ambiente em que cresceu teriam evitado isso.<br />
— Precisamente. A predisposição estava lá o tempo todo, à espreita. Pode ser que um evento<br />
específico tenha dado início ao processo, mas deve ter sido uma coisa muito pequena, algo<br />
facilmente superado por outro padrão cerebral. Pesquisas que estão sendo realizadas no<br />
conceituado Instituto Bowers já arrebanharam fortes evidências sobre os padrões genéticos<br />
cerebrais e sua irrefutável influência no comportamento. Posso lhe conseguir alguns discos com<br />
esta pesquisa, se desejar.<br />
— Prefiro deixar os estudos da cabeça para você e para a doutora Mira. — Eve colocou o café<br />
de lado. — Agora, tenho que voltar para a Central de Polícia. Obrigada por me ceder um pouco<br />
do seu tempo, doutora Mira — disse ela, ao se levantar. — E obrigada por me explicar suas<br />
teorias, Reeanna.<br />
— Adoraria discuti-las mais a fundo, a qualquer hora que desejar. — Reeanna levantou a mão<br />
e deu um caloroso aperto de mão em Eve. — Dê lembranças minhas ao Roarke.<br />
— Darei. — Eve moveu os pés ligeiramente quando Mira se levantou para beijá-la no rosto. —<br />
Vou manter contato, doutora.<br />
— Espero que sim, e não apenas quando tiver um caso para discutir comigo. Diga a Mavis que<br />
eu lhe mandei um abraço quando estiver com ela.<br />
— Claro. — Jogando a bolsa sobre os ombros, Eve saiu serpenteando entre as mesas, fazendo<br />
uma pausa rápida, a fim de lançar uma careta discreta para o maître.<br />
— Uma mulher fascinante. — Reeanna passou a língua de leve e longamente sobre a parte<br />
convexa da colher. — Controlada, um pouco zangada por dentro, completamente focada, pouco à<br />
vontade e ligeiramente desconfortável ao receber demonstrações de afeto --- e sorriu de leve ao<br />
notar que Mira levantara uma sobrancelha. — Desculpe, vício profissional. William fica irritado<br />
quando eu ajo assim. Não quis insinuar nada, nem ofender.<br />
— Tenho certeza de que não. — Os lábios de Mira se curvaram em um sorriso, e os olhos se