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Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download

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certamente mais reais do que as pessoas, mas ele não despreza as pessoas. Acima de tudo,<br />

simplesmente não encontrei evidências de que ele estivesse disposto a arriscar a sua liberdade,<br />

sobretudo a liberdade de expressão para matar alguém.<br />

Eve experimentou o chá, mais por reflexo do que por vontade.<br />

— E se ele tivesse um sócio? — especulou, pensando na teoria de Feeney.<br />

— É possível. Ele não é o tipo de pessoa que iria compartilhar com outra, alegremente, as suas<br />

conquistas. Mesmo assim, sente uma grande necessidade de adulação e de sucesso financeiro.<br />

Pode ser possível, se ele se visse precisando de assistência em algum nível para o seu projeto,<br />

que ele aceitasse um sócio.<br />

— Nesse caso, por que não o entregou? — Eve balançou a cabeça. — Ele é covarde; teria<br />

entregado o sócio. De jeito nenhum ele ia se deixar ficar no fogo sozinho — e tomou mais um<br />

gole, permitindo que os pensamentos voassem. — E se nós formos realmente definidos<br />

geneticamente na direção de um comportamento sociopata? Ele é inteligente, esperto o bastante<br />

para mascará-lo, mas tudo é apenas parte de sua maneira de ser.<br />

— Rotulados no momento da concepção? — Mira quase soltou o ar pelo nariz em sinal de<br />

desdém. — Eu não concordo com esta escola. E a criação, o ambiente, a educação, as escolhas<br />

que fazemos, tanto as morais quanto as imorais, que formam o que somos. Não nascemos<br />

monstros ou santos.<br />

— Mas há especialistas nessa área que acreditam que somos sim. — E ela tinha uma, Eve<br />

refletiu, à sua disposição.<br />

Mira notou na mesma hora a expressão de Eve, e não conseguiu evitar a fisgada em seu<br />

orgulho.<br />

— Eve, se você deseja se consultar com a doutora Ott a respeito deste assunto, é um direito<br />

seu. Estou certa de que ela vai se sentir muito empolgada em poder ajudar.<br />

Eve não estava certa se demonstrava surpresa ou apenas sorria. Mira muito raramente se<br />

mostrava aborrecida.<br />

— O que eu falei não teve a intenção de ofender as suas habilidades, doutora. Preciso de um<br />

apoio aqui; a senhora não pode me fornecê-lo.<br />

— Deixe que eu lhe conte o que acho a respeito da teoria de sermos marcados na hora da<br />

concepção, tenente. É uma forma de tirar o corpo fora, pura e simplesmente. É uma muleta. "Eu<br />

não pude evitar atear fogo naquele prédio e queimar centenas de pessoas vivas. Nasci assim, um<br />

incendiário... Não consegui deixar de surrar aquela velhinha até a morte para roubar suas fichas<br />

de crédito. Minha mãe era uma ladra."<br />

Simplesmente a deixava enfurecida pensar nessa tática sendo usada para apagar<br />

responsabilidades e, ao mesmo tempo, deixar cicatrizes nos que se tornavam indefesos contra os<br />

monstros que usavam tal tática.<br />

— Isso justifica a nossa falta de humanidade — continuou ela —, nos afasta da moralidade, do<br />

que é certo e errado. Podemos argumentar que fomos feitos assim ainda no útero, e jamais<br />

tivemos outra chance — e jogou a cabeça para o lado. — Você, mais do que as outras pessoas,<br />

deveria saber disso.<br />

— Não estamos tratando de mim aqui. — Eve colocou a xícara sobre o pires com força. —<br />

Não se trata do lugar de onde eu vim e da pessoa na qual me transformei. Trata-se de quatro<br />

pessoas que, ao que eu saiba, não tiveram opção. E alguém vai ter que responder por isso.<br />

— Mais uma coisa... — acrescentou Mira, quando Eve se levantou. — Você está focada nesse

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