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Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download

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sob a axila de Big Mary. Mesmo assim, conseguiu perguntar:<br />

— Dinheiro pra quê?<br />

— A gente pediu comida, e ela já deve estar chegando. Vamos rachar, e vocês vão ter que<br />

pingar a sua parte do rango.<br />

— Tudo bem. Roarke já chegou?<br />

— Não vi Roarke nenhum não, e Mavis me avisou que não dá para ele passar despercebido,<br />

porque é apenas o máximo.<br />

A porta acolchoada se abriu e Eve soltou o ar que estava prendendo. No momento em que<br />

tornou a inspirar, seus ouvidos foram agredidos. Era a voz esganiçada e selvagem de Mavis, que<br />

estava se esgoelando para acompanhar um barulho furioso.<br />

— Ela tem uma voz cortante, sensacional!<br />

— Pelo visto tem mesmo... — Só mesmo a profunda afeição que dedicava a Mavis impediu<br />

Eve de pular de volta correndo para o elevador à prova de som.<br />

— Vou pegar as bebidas. Foi Jess que bancou toda a birita.<br />

Big Mary se afastou, de forma pesada, deixando Eve e Peabody em uma cabine toda<br />

envidraçada que tinha a forma curva e se lançava em semicírculo meio nível acima de um estúdio<br />

onde Mavis estava colocando o coração e os pulmões para fora. Abrindo um sorriso, Eve chegou<br />

mais perto do vidro, para ver melhor.<br />

Mavis colocara o cabelo preso em um feixe sobre a cabeça, de forma que ele se espalhava<br />

como uma fonte roxa em torno de um prendedor multicolorido. Usava uma espécie de macacão<br />

estilizado, com tiras de couro preto que subiam da cintura, cobrindo muito pouco dos seus seios.<br />

O resto do material era um caleidoscópio cintilante que saía junto do diafragma, um pouco acima<br />

do umbigo e descia, acabando inesperadamente logo abaixo das virilhas. Ela dançava no<br />

compasso da música, sobre um par de sapatos tipo plataforma que faziam os pés parecerem<br />

descalços, apesar de os levantarem sobre estacas de dez centímetros.<br />

Eve não tinha dúvidas de que fora Leonardo, o estilista amante de Mavis, que desenhara aquele<br />

modelo especialmente para ela. Avistou-o em um canto do estúdio, com o olhar brilhante como<br />

um raio de sol enquanto fitava Mavis, e usando uma espécie de roupa de paraquedista que o fazia<br />

parecer um urso elegante.<br />

— Que dupla! — murmurou ela, enfiando os polegares nos bolsos traseiros do seu jeans<br />

surrado. Virou a cabeça para falar com Peabody, mas reparou que o olhar de sua acompanhante<br />

estava grudado em algum ponto à esquerda e o seu rosto exibia, a um só tempo, choque,<br />

admiração e desejo, conforme Eve notou, com curiosidade.<br />

Seguindo o olhar distraído de Peabody, Eve teve a primeira visão de Jess Barrow. Ele era<br />

lindo. Uma pintura em movimento, com uma cabeleira comprida e brilhante da cor de carvalho<br />

polido. Seus olhos eram quase prateados, com cílios muito compridos, e pareciam focados com<br />

muita intensidade, enquanto ele trabalhava nos controles de um elaborado console de som. Seu<br />

corpo era impecável, com um lindo bronzeado. Tinha maçãs do rosto redondas e salientes e um<br />

queixo forte. Seus lábios eram cheios e firmes, e as mãos que voavam sobre os controles eram<br />

tão bem desenhadas que pareciam esculpidas em mármore.<br />

— Recolha a língua, Peabody — sugeriu Eve —, antes que você acabe pisando nela.<br />

— Nossa, puxa vida!... Ele é ainda mais bonito pessoalmente. Você não fica com vontade de<br />

dar uma mordida nele?<br />

— Eu não!... Mas você pode ir em frente, fique à vontade.

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