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Mortal: Livro 04 - Êxtase Mortal - Multi Download

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a sensação de fadiga e limpou a maior parte das teias de aranha que pareciam envolver-lhe o<br />

cérebro. Tomou uma chuveirada no banheiro de seu escritório, amarrou uma bandagem recheada<br />

com gelo picado sobre o joelho ferido e disse a si mesma que ia lidar com as marcas roxas mais<br />

tarde.<br />

Já eram seis da manhã quando ela voltou ao terraço onde ocorrera a festa. O console fora<br />

metodicamente desmontado. Fios, placas de circuitos, microprocessadores, discos, drives<br />

diversos e painéis haviam sido espalhados sobre o piso reluzente em pilhas organizadas.<br />

Vestindo sua elegante camisa de seda e calças sob medida, Roarke estava sentado de pernas<br />

cruzadas no meio das pilhas, alimentando um pequeno computador com dados, de forma<br />

aplicada. Ele colocara os cabelos todos para trás, Eve notou, para evitar que lhe ficassem caindo<br />

sobre o rosto. Um rosto que parecia intenso, focado, com os penetrantes olhos azuis<br />

ridiculamente alertas para a hora.<br />

— Acho que consegui! — murmurou para Feeney. — Foi quando estava rodando os<br />

componentes em separado, ainda agora. Já vi algo parecido antes. Algo muito próximo disso. O<br />

programa está se calibrando — e estendeu o notebook para a parte de baixo do painel do<br />

console, onde Feeney estava. — Dê só uma olhada...<br />

Uma mão saiu de dentro do aparelho, agarrou o notebook e a reação veio em seguida:<br />

— É... pode ser isso mesmo. Desse jeito, a coisa funcionaria. Puta que pariu!<br />

— Os irlandeses têm um jeitinho todo especial para expressar as suas ideias.<br />

Ao ouvir o tom seco da voz de Eve, a cabeça de Feeney surgiu sob o console, com os cabelos<br />

todos arrepiados, como se ele tivesse levado algum choque ao remexer em todos aqueles fios.<br />

Seus olhos pareciam brilhantes e empolgados.<br />

— Oi, Dallas! Acho que a gente acabou de matar a charada.<br />

— E por que levaram tanto tempo?<br />

— Que brincalhona você é!... — e a cabeça de Feeney tornou a desaparecer.<br />

Eve trocou um olhar longo e sério com Roarke, que a cumprimentou:<br />

— Bom dia, tenente.<br />

— Você não está aqui! — disse ela, passando direto por ele. — Não estou nem vendo você<br />

aqui. O que conseguiu, Feeney?<br />

— Consegui um monte de opções e descobri vários dos truques dessa gracinha — começou ele,<br />

levantando-se do chão e se acomodando na poltrona macia do console. — Uma enorme<br />

quantidade de acessórios e enfeites são só para fazer efeitos especiais, e olhe que eles são<br />

impressionantes!... Mas o que a gente teve que cavar mais fundo para encontrar, até achar<br />

debaixo de camadas e mais camadas de armadilhas e barreiras de segurança, é que é o<br />

verdadeiro mel dessa colmeia.<br />

Feeney passou as mãos sobre o console novamente, acariciando a superfície lisa que agora<br />

protegia um espaço despido de componentes.<br />

— O cara que bolou isso daria um tremendo detetive eletrônico. A maioria dos caras que<br />

trabalham sob minhas ordens não consegue fazer o que ele conseguiu aqui. E questão de<br />

criatividade, entende? — e balançou um dedo na direção dela. — Não são apenas fórmulas e<br />

placas com circuitos. A criatividade dele vai mais longe e avança em campo aberto,<br />

inexplorado... E ele é o dono do pedaço... E algo que ele chamaria de sua coroa de glórias.<br />

E mostrou o notebook a Eve, já sabendo que ela ia torcer o nariz diante dos códigos e<br />

componentes.

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