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Isto e isso sao, com efeito, muito ocorrentes na fala, mas devemos pesqUlsar se essa frequencia se atribui ao tipo de modalidade discursiva, ou se outros fatores, como 0 grau de espontaneidade, nao interferem nesta conclusao. As relayoes entre estruturayaO das expressoes indiciais e modalidades de discurso/grau de espontaneidade serao apreciadas no capitulo final. No momento, importa reter que as construyoes com isto/isso (sobretudo com isso) reunem condiyoes muito favoniveis a urn emprego deitico-discursivo. Uma dessas condiyoes se prende a descriyao semantica dos pronomes neutros. as referentes pontuais conduzem 0 trayo [+ animado], em geral incompativel com 0 genero neutro, ao passo que os referentes difusos, peculiares aos deiticos discursivos, nao 0 contem. Por isso, os demonstrativos de genera masculino ou feminino (este(s), esta(.'i)) sac utilizados em funyao substantiva para retomar referentes pontuais nas anaforas (mesmo que muito raramente), porem nao para recuperar conteudos proposicionais inteiros. Por isso, convem compreender: enquanto nos anaf6ricos, 0 emprego dos neutros e opcional (no sentido de que se apresentam como uma das seleyoes possiveis), nos deiticos discursivos pronominais, eles constituem uma exigencia. Reflitamos sobre 0 exemplo seguinte: (88) HE humilhante a maneira como 0 governo trata 0 trabalhador, principalmente 0 servidor publico, como se este nao fosse necessario ao Pais." «E) Sr editor - carta ao editor - corpus complementar) Em (88), 0 anaf6rico "este", que se refere ao "trabalhador" (incluindo "0 servidor publico"), nao seria comutavel com islo, que nao seria adequado a referenciayao de uma entidade humana 62 . No entanto, em outros usos anaf6ricos, sem a mesma imposiyao, a troca seria possivel, ainda que estilisticamente condeml.veI. Exemplo: (89) "... por isso que se diz que 0 Turismo e um e e uma industria mas is so e uma industria ... indiretamente /tEl? .." «F) EF-52 - aula - PORCUFORT) lei entre os deiticos discursivos, os pronomes de valor demonstrativo, funcionando substantivamente, sac sempre neutros. Contem elevado grau de generalidade, um forte poder resumidor e exigem um baixo custo de elaborayao, por isso, algumas vezes, se manifestam
como pronomes nulos. Dos 467 deiticos discursivos pronominais demonstrativos da amostra, 33 sac nulos, e podem ser ilustrados por exemplos como: (90) "... ele ficava espeRANdo ... fora da sala de aula ... TOdos os alunos entrasse (...) porque depois que Ele entrasse NINGUEM MAIS entrava ... ( ) eu achava 0 muito engra9ado porque 0 M. de A. tinha aquelas suas peculiaridades ..." «F) 02-39 - conversa espontimea - PORCUFORT) (91) "Como vai a tia Lourdes? Ela vai vlaJar mesmo para a Inglaterra, em janeiro? Ouvi dizer que ela recebeu uma bolsa de estudos pela Cultura Inglesa, e verdade? Quem me contou 0 foi 0 tio Antonio." «E) carta a um primo - carta pessoal corpus complementar) Nas duas situaC;5es acima, 0 pro nome nulo equivale a "isso, tudo isso", e transforma em objeto de discurso proposic;5es anteriores. 0 conteudo proposicional nem sempre carece estar explicito. Rei enunciados em que 0 falante deixa ao destinatario a tarefa de reconstruir 0 que ficou implicito, como em: (92) "Ligue para ele, agora de manha, ele vai estar no escritorio. Marque a hora e deixe tambem para mim. 0 telefone e 455.3538, nem precisava 0 nao e mesmo?" (E027 - bilhete - NELFE) Aqui, 0 pro nome nulo significa "(nem precisava) que voce me dissesse qual e 0 numero do te1efone". Possivelmente, 0 mesmo principio de baixo esforc;o cognitivo que dita a escolha do pronome (em vez do SN pleno), opera tambem neste caso. Porem, em relac;ao aos nulos, esse principio parece aliar-se a uma regra de economia linguistica, pela qual tudo 0 que se toma como desnecesseirio tende a ser suprimido do discurso. Quando uma informac;ao passa a ferir as submaximas da Relevancia e da Quantidade (ver Grice, 1975), pelas quais se espera que a contribuic;ao do enunciador seja apropriada as necessidades de cada ponto do discurso, e seja informativa apenas 0 suficiente, enHlo 0 falante tende a omiti-Ia. Como frisamos na IntroduC;ao, nao nos desviaremos, entretanto, para a investigac;ao dessas formas omissas, que, por si s6, dariam uma nova pesquisa, distante do objetivo que nos
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MONDADA, Lorenza. (1994). Verbalisa
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