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digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

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formayoes i<strong>de</strong>ol6gicas constituam processos <strong>de</strong> comunicayao implicitos influenciando as<br />

pniticas discursivas. S6 nao aceitamos 0 <strong>de</strong>terminismo (<strong>em</strong>bora negado pelos analistas do<br />

discurso) que parece subjugar 0 sujeito <strong>da</strong> enunciavao a sua formayao i<strong>de</strong>ol6gica,<br />

caracterizando, consequent<strong>em</strong>ente, 0 discurso (chamado <strong>de</strong> "formavao discursiva") segundo<br />

<strong>de</strong>terminayoes exteriores. Tomamos, com efeito, 0 texto como objeto <strong>em</strong>pirico, mas s<strong>em</strong>pre<br />

indissociavel <strong>de</strong> seu contexto <strong>de</strong> uso, que inclui suas condiyoes <strong>de</strong> produyao. A diferenva e que<br />

nao enfocamos os aspectos institucionais, s6cio-hist6ricos, e valorizamos a ac;ao dos sujeitos na<br />

construyao <strong>de</strong> seu discurso, 0 qual tamb<strong>em</strong> contribui para a criayao do contexto. Por essa razao,<br />

continuamos a atribuir imporHincia as marcas <strong>de</strong> subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> entranha<strong>da</strong>s no texto, nao as<br />

concebendo como mero reflexo <strong>da</strong> centrali<strong>da</strong><strong>de</strong> do sujeito na enunciayao, mas vendo-as como<br />

sinais <strong>da</strong> realizavao <strong>de</strong> outro tipo <strong>de</strong> intersubjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, aquela que se <strong>da</strong> entre 0 falante, 0<br />

discurso e 0 contexto <strong>de</strong> criayao.<br />

E privilegiando esse inter-relacionamento que tamb<strong>em</strong> Lyons (1982), numa critic a a<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> subjetiva <strong>da</strong> 1inguag<strong>em</strong> esbova<strong>da</strong> por Benveniste (1988), por Buhler (1982), e<br />

diriamos ate que por e1e pr6prio <strong>em</strong> posic;oes anteriores, <strong>de</strong>nuncia a interpretayao positivista <strong>da</strong><br />

oposiyao entre subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que, por muito t<strong>em</strong>po, orientou 1inguistas e<br />

fi16sofos <strong>da</strong> 1inguag<strong>em</strong>.<br />

o carater subjetivo, sustenta 0 autor, nao po<strong>de</strong> reduzir-se a simples questao <strong>da</strong><br />

indicia1i<strong>da</strong><strong>de</strong>, n<strong>em</strong>, tao-somente, <strong>de</strong>ve referir -se ao modo como as linguas naturais expressam as<br />

atitu<strong>de</strong>s e crenyas do sujeito <strong>da</strong> enunciavao. Concor<strong>da</strong>ndo, parcial mente, com Benveniste<br />

(1988), Lyons (1982) reafirma que a 1inguag<strong>em</strong> nao e puramente um instrumento para a<br />

expressao do pensamento proposicional, e que 0 significado linguistico nao se totaliza na<br />

representayao simb61ica, objetiva. A estrutura e 0 uso <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> pressupo<strong>em</strong>, a um s6<br />

t<strong>em</strong>po, um componente subjetivo (por meio do qual 0 falante expressa a si mesmo) e um<br />

componente objetivo (abrangendo um conjunto <strong>de</strong> proposiyoes comunicaveis).<br />

Mas Lyons (1982) diverge <strong>de</strong> Benveniste (1988) num ponto crucial: 0 do continuum<br />

subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>-objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> nas linguas naturais. Ora <strong>de</strong>c1ara<strong>da</strong>mente presente, como nas marcas<br />

<strong>de</strong> indiciali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ora sutilmente disfarvado, 0 subjetivo se entranha na lingua, que <strong>de</strong>le se nutre,<br />

numa especie <strong>de</strong> processo simbi6tico. Assim adverte 0 autor:<br />

po<strong>de</strong>-se argiiir plausivelmente, primeiro, que a distiw;ao entre 0 subjetivo e 0<br />

objetivo e gradual, e roo absoluta, e, segundo, que 0 que e aqui <strong>de</strong>scrito como<br />

objetivo e, <strong>em</strong> orig<strong>em</strong>, intersubjetivo, <strong>de</strong> modo que a linguag<strong>em</strong> esti muito<br />

mais profun<strong>da</strong>mente imbui<strong>da</strong> <strong>de</strong> subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do que estou supondo. (Lyons,<br />

1982:105 - grifo nosso)

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