digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...
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diferencia 0 fato <strong>de</strong> que nao or<strong>de</strong>nam macro-segmentos do discurso, como frases, paragrafos,<br />
itens etc., e sim, enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s pontuais.<br />
Dir<strong>em</strong>os, por isso, que tamb6m os <strong>de</strong>monstrativos este/aquele exerc<strong>em</strong> procedimento<br />
<strong>de</strong>itico, cumprindo a mesma funyao metatextual sugeri<strong>da</strong> por Apoth6loz (1995), a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong><br />
compor<strong>em</strong> expressoes anaf6ricas. Em conseqiiencia, arrefece 0 argumento <strong>de</strong> Ehlich <strong>de</strong> que<br />
<strong>de</strong>iticos e anaf6ricos tern funyoes cognitivas opostas. 0 estudo <strong>de</strong> Matras (1998) caminha para<br />
conclusoes afins.<br />
o autor nao partilha <strong>da</strong> visao <strong>de</strong> Ehlich <strong>de</strong> que as manifestayoes formais <strong>de</strong> <strong>de</strong>iticos e<br />
anaf6ricos se diferenciam <strong>em</strong> funyao <strong>de</strong> procedimentos discursivos distintos. Matras nega que a<br />
funyao <strong>de</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> foco referencial seja urn processo operacional especifico <strong>da</strong>s<br />
anaforas, pois algumas linguas convencionam codifica-la por anaf6ricos; outras, por <strong>de</strong>iticos.<br />
A conclusao se esten<strong>de</strong> ao procedimento <strong>de</strong>itico.<br />
Apresentando evi<strong>de</strong>ncias do romani 50 , 0 autor <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, ain<strong>da</strong>, que a funyao refocalizadora<br />
do procedimento <strong>de</strong>itico no texto representa uma ayao cognitiva <strong>em</strong> si mesma, e nao uma<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> do mesmo procedimento <strong>de</strong> mostrar enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s no espayo real, conforme<br />
sugere Ehlich (1982).<br />
Nao se infira, contudo, que tais id6ias po<strong>em</strong> <strong>em</strong> xeque os pr6prios tipos <strong>de</strong> funyao<br />
operacional: 0 procedimento anaf6rico, <strong>de</strong> fato, expressa a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> foco, enquanto que 0<br />
procedimento <strong>de</strong>itico opera a refocalizayao. A proposta <strong>de</strong> Matras (1998) se at6m apenas ao<br />
correlato forma-funyao, que, com efeito, nao se revel a igual <strong>em</strong> to<strong>da</strong>s as linguas. Enquanto no<br />
al<strong>em</strong>ao, consoante Ehlich (1982), os <strong>de</strong>monstrativos pr6ximos e distantes, por ex<strong>em</strong>plo, saD<br />
fixados pelo paradigma <strong>de</strong>itico, no hebraico pertenc<strong>em</strong> ao quadro dos anaf6ricos. Al<strong>em</strong> disso,<br />
vimos, acima, que, <strong>em</strong> portugues, 0 contraste entre os <strong>de</strong>monstrativos este/aquele, que<br />
<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham procedimento <strong>de</strong>itico, acontece entre os anaf6ricos.<br />
No romani, Matras (1998) i<strong>de</strong>ntificou urn sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>itico <strong>de</strong> oposiyoes, com alternancia<br />
vocalic a <strong>de</strong> formas <strong>em</strong> a (ou <strong>de</strong>ixis-a) e <strong>em</strong> 0 (ou <strong>de</strong>ixis-o). Propoe 0 autor que os dois grupos<br />
formais diverg<strong>em</strong> <strong>em</strong> conseqiiencia do contraste entre 0 aces so perceptual (ou situacional) ao<br />
objeto <strong>de</strong> referencia e 0 acesso conceptual (ou contextual).<br />
A <strong>de</strong>ixis-o, ou <strong>de</strong>ixis conceptuallcontextuaZS 1 , constitui uma convencionalizayao estrutural<br />
<strong>da</strong> classe <strong>da</strong> <strong>de</strong>ixis discursiva, porque individualiza enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s ja introduzi<strong>da</strong>s, ou inferi<strong>da</strong>s a<br />
50 Romani: lingua fala<strong>da</strong> pelos ciganos <strong>da</strong> Europa Oriental<br />
51 "Contextual", nesta classificacao <strong>de</strong> Matras (1998), se opOe a "situacional": "0 'contexto' e, assim, usado para<br />
significar contexto estritamente lingiiistico e e, portanto, congruente com 'discurso', mas se opoe a 'situacao'." (cf.<br />
p.403)