digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...
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A escrita marca a catafora, na gran<strong>de</strong> maioria dos casos, com dois-pontos ou travessao,<br />
assinalando 0 que, na fala, e expresso por uma pausa e uma entonavao especificas, as quais<br />
geram no <strong>de</strong>stinatario a expeetativa do novo para 0 discurso. A questao ese, na ausencia <strong>da</strong>s<br />
formulavoes tipicamente cataf6ricas, esses recursos graficos e pros6dicos nao bastam para a<br />
caracterizavao <strong>de</strong> uma r<strong>em</strong>issao prospeetiva. Em algumas situavoes, parece que sim, como <strong>em</strong>:<br />
(213) "Esse pioneirismo e mais urn motivo <strong>de</strong> orgulho para<br />
mim, e reforva minha tese: "moqueca <strong>de</strong> peixe, somente capixaba.<br />
o resto e simplesmente peixa<strong>da</strong>". (E275 - seyao <strong>de</strong> cartas <strong>em</strong><br />
revista - NELFE)<br />
(214) "No mes passado, ele levou um baita susto <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />
o queixo cardo: a conta era mais <strong>de</strong> R$3mil. (...) Eles anotaram<br />
tudo que Luiz tinha <strong>em</strong> casa: tres computadores, urn frigobar, urn<br />
ventilador, quatro televisores, uma gela<strong>de</strong>ira, dois vi<strong>de</strong>os, urn som,<br />
urn ferro <strong>de</strong> passar e 38 luzes." «E) reportag<strong>em</strong> - artigo <strong>de</strong> jornal<br />
popular - corpus compl<strong>em</strong>entar)<br />
Mesmo no caso abaixo, <strong>em</strong> que a expressao cataf6rica v<strong>em</strong> implicita, 0 receptor<br />
reconhece a presenva <strong>de</strong> uma pro-forma do tipo "isto/este", ou "0 seguinte", predizendo urn<br />
conteudo proposicional:<br />
(215) "Em respeito ao povo <strong>de</strong> Sergipe e ao alto conceito <strong>da</strong><br />
revista ISTOE <strong>em</strong> todo 0 Brasil, especialmente <strong>em</strong> nosso Estado,<br />
venho esclarecer 0:" «E) carta ao editor - sevao <strong>de</strong> cartas <strong>em</strong><br />
revista - corpus compl<strong>em</strong>entar)<br />
A r<strong>em</strong>issao para frente nao exige n<strong>em</strong> mesmo, como se nota, uma forma manifesta.<br />
Como c1assificar esses tipos <strong>de</strong> ocorrencia? Com efeito, 0 carMer prospectivo nao <strong>de</strong>ve provir<br />
<strong>da</strong>s expressoes <strong>em</strong> si (salvo nas estruturas cuja <strong>de</strong>scrivao s<strong>em</strong>antica ja <strong>de</strong>nota urn movimento<br />
projetivo, como "0 seguinte, a seguir, 0 seguinte X" etc.), mas do pr6prio <strong>de</strong>senvolvimento<br />
discursivo, do jogo <strong>de</strong> informavoes velhas e novas, e, principalmente, <strong>da</strong> pausa, <strong>da</strong> entonavao<br />
(e/ou <strong>da</strong> pontuavao que a <strong>de</strong>signa). E nao e este mesmo urn dos <strong>em</strong>pregos dos dois-pontos:<br />
marcar a melodia, a entonavao, <strong>de</strong>stacando 0 que se vai dizer <strong>em</strong> segui<strong>da</strong>? Nao e isso mesmo<br />
que autoriza 0 usa popular a construir, <strong>em</strong> tom <strong>de</strong> galhofa, enunciados como "0 que eu quero<br />
dizer e 0 seguinte dois-pontos..."?<br />
Por isso, e mais conveniente <strong>de</strong>c1arar que ha mais <strong>de</strong> urn recurso para <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>r uma<br />
r<strong>em</strong>issao prospeetiva, que nao somente 0 <strong>de</strong> express5es invariavelmente cataf6ricas. Tamb<strong>em</strong><br />
certos adverbios circunstanciais, por seus travos s<strong>em</strong>anticos <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po e <strong>de</strong> lugar, s6 permit<strong>em</strong>