portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
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Português Instrumental | Mobilidade entre classes<br />
100 CEDERJ<br />
Fernan<strong>do</strong> Pessoa — Em 13 de junho de<br />
1888, nasceu em Lisboa aquele que viria<br />
a ser um <strong>do</strong>s maiores poetas <strong>portugues</strong>es.<br />
Fernan<strong>do</strong> Antônio Nogueira Pessoa, que<br />
deixou uma obra extensa, cuja mais famosa<br />
peculiaridade é o fato de ter cria<strong>do</strong> a<br />
heteronímia: textos assina<strong>do</strong>s por diversos<br />
nomes imagina<strong>do</strong>s pelo poeta. Para cada<br />
um <strong>do</strong>s nomes criava uma personalidade<br />
própria e, por conseguinte, os textos de um<br />
eram completamente distintos <strong>do</strong>s textos<br />
<strong>do</strong>s outros heterônimos. Daí resulta que um<br />
texto assina<strong>do</strong> por Álvaro de Campos jamais<br />
poderia se assemelhar a um texto assina<strong>do</strong> por Alberto Caeiro que,<br />
por sua vez, não possuía as características necessárias para assinar<br />
um texto de Ricar<strong>do</strong> Reis ou de Fernan<strong>do</strong> Pessoa, ele mesmo — que<br />
é como são chama<strong>do</strong>s os textos de seu ortônimo, aquele que assina<br />
com o nome de batismo.<br />
O PERSONAGEM TERTEÃO<br />
Quem é Terteão? Deixemos esta pergunta de la<strong>do</strong> para fazermos<br />
umas breves considerações.<br />
To<strong>do</strong>s nós, falantes da língua <strong>portugues</strong>a, escolariza<strong>do</strong>s ou não,<br />
temos uma gramática interna. Essa gramática entra em cena, sistematizada,<br />
sem que nos apercebamos de seu funcionamento. Mas nem sempre essa<br />
nossa gramática subjetiva — cada um de nós tem uma, internalizada<br />
— coincide com a gramática normativa. Essas não-coincidências raras<br />
vezes atravancam a comunicação. Exemplo? Digamos que alguém<br />
pronuncie a seguinte frase (por favor, leia a frase em voz alta para surtir<br />
efeito): “Os menino tá cantan<strong>do</strong> ali fora”. Quantos são “os menino”?<br />
Apenas um ou mais de um? Repita a frase em voz alta e responda:você<br />
acha que tem um só menino ou mais de um cantan<strong>do</strong> “ali fora”? Muito<br />
possivelmente você respondeu mais de um. Difi cilmente alguém diante<br />
dessa frase responderia que há um só menino, embora qualquer um de<br />
nós, que somos escolariza<strong>do</strong>s, saibamos <strong>do</strong>s problemas apresenta<strong>do</strong>s<br />
numa construção como essa. Problemas de ordem gramatical não são,<br />
necessariamente, problemas de ordem comunicacional. Vide o exemplo.<br />
Fomos comunica<strong>do</strong>s, com clareza, inclusive, que há mais de um menino<br />
cantan<strong>do</strong> ali fora. Como sabemos isso? Bem... Esse caso é bem simples: a<br />
marca <strong>do</strong> plural é o “s”. Portanto, ao dizer o artigo no início da frase com