portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
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assunto, mesmo que tenha discorri<strong>do</strong> com propriedade, utilizan<strong>do</strong><br />
argumentos concisos, tu<strong>do</strong> corretinho como a gramática manda,<br />
ainda assim deixou um “furo” e não percebeu. Meus amigos, minhas<br />
amigas, isto acontece. Por mais que nos esforcemos em não deixar<br />
lacuna aproveitável — contra nós, é claro — por nossos avalia<strong>do</strong>res,<br />
entrevista<strong>do</strong>res, profissionais de RH, professores, inimigos etc, quase<br />
sempre nossos textos apresentarão falhas, lacunas, contradições. O mais<br />
grave é que a qualidade dessa contradição não apenas compromete nosso<br />
texto, mas o torna vulnerável às críticas daqueles que ali estão a fim de<br />
nos avaliar.<br />
A ênfase na comunicação, quer dizer, na transmissão bem-sucedida<br />
de mensagens, torna clara que a nossa preocupação situa-se distante<br />
<strong>do</strong> que comumente é associa<strong>do</strong> a um manual <strong>do</strong> bem escrever ou a um<br />
compêndio de gramática. É certo que, sem um mínimo de conhecimento<br />
sobre as leis que regem o nosso idioma, não é possível levar a cabo a tarefa<br />
de escrever bem. No entanto, quan<strong>do</strong> escrevemos e pensamos, entra em<br />
jogo uma série de operações não redutíveis às leis gramaticais.<br />
A TÃO FALADA DIVERSIDADE<br />
Vamos iniciar agora uma discussão sobre a variabilidade social<br />
<strong>do</strong> uso da língua, embora, ao nos referirmos anteriormente à diacronia<br />
da língua — sua variabilidade histórica —, o elemento social estivesse<br />
sempre presente.<br />
Num país que ainda demoniza a variação lingüística, refletir sobre<br />
ela tem uma relevância toda especial: os/as alunos/as precisam<br />
aprender a perceber, sem preconceito, a linguagem como um<br />
conjunto múltiplo e entrecruza<strong>do</strong> de variedades geográficas, sociais<br />
e estilísticas; e a entender essa variabilidade como correlacionada<br />
com a vida e a história <strong>do</strong>s diferentes grupos sociais de falantes.<br />
Só assim desenvolverão uma necessária atitude crítica diante <strong>do</strong>s<br />
pesa<strong>do</strong>s preconceitos lingüísticos que embaraçam seriamente nossas<br />
relações sociais (FARACO, 2003, p. 10).<br />
Não é preciso ser especialista para notar que estratos eco-<br />
nomicamente distintos da população falam diferenciadamente.<br />
Tal diferenciação não está apenas condicionada à variabilidade econô-<br />
mica no interior de uma mesma região; também diz respeito às discre-<br />
pâncias econômico-sociais entre regiões distintas. Ou seja, sabemos que<br />
CEDERJ 15<br />
AULA 1<br />
MÓDULO 1