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portugues instrumental - Universidade Federal do Pará

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Registramos aqui trecho de uma cantiga de louvor à Virgem Maria, <strong>do</strong> século XIII, em<br />

que pode ser encontra<strong>do</strong> o registro “fror”.<br />

Rosa das rosas e fror das frores,<br />

Dona das <strong>do</strong>nas,<br />

Senhor das senhores.<br />

Rosa de beldad’ e de parecer<br />

E fror d’alegria e de prazer,<br />

Dona en mui pia<strong>do</strong>sa seer,<br />

Senhor en tolher coitas e <strong>do</strong>ores.<br />

“Senhor das senhores” seria, traduzi<strong>do</strong> para o português de hoje,<br />

“senhora das senhoras”. Isso porque as formas em /–or/ não tinham<br />

um correspondente no feminino. No português contemporâneo,<br />

há resquícios de invariância de –or (ex.: inferior, superior, maior,<br />

pior, melhor etc.). Se bem que a “Madre Superiora” está mudan<strong>do</strong><br />

isso! E ninguém há de achar ruim... ou estará alheio ao espírito<br />

da língua e em postura anticlerical ao mesmo tempo. A propósito,<br />

“coitas” quer dizer “obrigação, sacrifício, sofrimento”. Por isso,<br />

“coita<strong>do</strong>”.<br />

ALGUNS SÉCULOS DEPOIS...<br />

Saltemos, agora, mais uns tantos séculos e vamos até o escritor<br />

L I M A BARRE T O, aquele que, na primeira linha de seu diário, escreveu:<br />

“Nasci sem dinheiro, mulato e livre.”<br />

Numa crônica sua, intitulada “No ajuste de contas...”, encontra-<br />

mos o seguinte caso de concordância:<br />

“Outra medida que se impõe é o confisco <strong>do</strong>s bens de certas ordens<br />

religiosas, bens que representam dádivas e ofertas da piedade, o<br />

que quer que seja, de várias gerações de brasileiros e agora estão<br />

em mãos de estranhos, porque os nacionais não querem ser mais<br />

frades. Voltem à comunhão, os bens.<br />

Pode-se admitir que os conventos sejam asilos de crentes de ambos<br />

os sexos que se desgostaram com o mun<strong>do</strong>. Admito, na minha<br />

tolerância que quisera bem ser RENANIANA; mas os estatutos dessas<br />

ordens não deixam perceber isso. Para os conventos de freiras, para<br />

as próprias irmãs de São Vicente de Paula (sei que não são freiras),<br />

não se entra sem um <strong>do</strong>te em dinheiro, sem um caríssimo enxoval,<br />

e, afora exigências de raça, de sangue e família.<br />

L I M A BARRE T O<br />

(Rio de Janeiro, 1881<br />

– 1922). Autor de muitas<br />

crônicas. Afonso Henriques<br />

de Lima Barreto é, segun<strong>do</strong><br />

a Enciclopédia e dicionário<br />

ilustra<strong>do</strong> Koogan-Houaiss,<br />

“um <strong>do</strong>s mais característicos<br />

representantes<br />

<strong>do</strong> romance urbano e de<br />

crítica social. A substância<br />

de sua ficção é a vida da<br />

gente humilde e da pequena<br />

classe média <strong>do</strong>s subúrbios<br />

cariocas.” Obras principais:<br />

Recordações <strong>do</strong> escrivão<br />

Isaías Caminha (1909);<br />

Triste fim de Policarpo<br />

Quaresma (1915); Vida e<br />

morte de M.J. Gonzaga de<br />

Sá (1919).<br />

RE N A N I A N A<br />

Palavra derivada <strong>do</strong><br />

nome próprio Ernest<br />

Renan, historia<strong>do</strong>r e<br />

filólogo francês (1823-<br />

1892), que deixou a vida<br />

eclesiástica para se dedicar<br />

às atividades de estu<strong>do</strong> e<br />

crítica das religiões.<br />

Esse processo de derivação<br />

a partir de nomes próprios<br />

é muito utiliza<strong>do</strong>. Por<br />

exemplo: em relação<br />

a Macha<strong>do</strong> de Assis,<br />

dizemos “machadiano”;<br />

em relação a Eça de<br />

Queiroz, dizemos<br />

“eciano”; em relação<br />

a Oswald de Andrade,<br />

dizemos “oswaldiano”.<br />

Também em relação a<br />

nomes estrangeiros usamos<br />

o mesmo procedimento:<br />

para Michel Foucault,<br />

“foucaultiano”; para<br />

Freud, “freudiano”; para<br />

Lacan, “lacaniano”, e<br />

assim por diante.<br />

CEDERJ 11<br />

AULA 1<br />

MÓDULO 1

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