portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Português Instrumental | Mobilidade entre classes<br />
102 CEDERJ<br />
Graciliano Ramos — Em 27 de outubro de 1892 nasceu Graciliano<br />
Ramos em Quebrangulo, AL. Primogênito de uma família de dezesseis<br />
filhos, foi prefeito de Palmeira <strong>do</strong>s Índios, AL, diretor da instrução<br />
pública de Alagoas, inspetor federal <strong>do</strong> ensino secundário, presidente<br />
da Associação Brasileira de Escritores e membro <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista<br />
Brasileiro. Graciliano Ramos morreu no Rio de Janeiro em 1953.<br />
Mais uma brincadeira de mudar as expectativas para as<br />
classes das palavras<br />
POEMINHA DO CONTRA<br />
“To<strong>do</strong>s estes que aí estão<br />
Atravancan<strong>do</strong> o meu caminho,<br />
Eles passarão.<br />
Eu passarinho!”<br />
Esse “passarinho” aí <strong>do</strong> poema <strong>do</strong> Mário Quintana pertence<br />
à mesma classe gramatical que “o passarinho que está a cantar na<br />
árvore”? Antes de mais nada devo dizer a você, leitor, que esse poema<br />
de Quintana costuma enganar o leitor duas vezes. É mesmo <strong>do</strong> contra,<br />
esse poeminha... A primeira, por considerarmos que a brincadeira com<br />
os graus aumentativo e diminutivo cria o clima nonsense de se substituir<br />
um verbo por um substantivo. Depois, por descobrirmos, se formos a<br />
um dicionário, Houaiss, por exemplo, que o “passarinho” <strong>do</strong> poema<br />
gera ambigüidade... E por quê? Porque existe mesmo, de fato, o verbo<br />
passarinhar. Significa vadiar, vagabundear.<br />
Você sabe o que inspirou Mário Quintana a criar esse poema?<br />
Ele se candidatou três vezes à Academia Brasileira de Letras. Nunca<br />
sua candidatura logrou êxito. Depois da terceira recusa de seu nome<br />
para ocupar uma das vagas da Academia, o poeta, bem-humora<strong>do</strong>,<br />
escreveu este “Poeminha <strong>do</strong> contra”.<br />
Mário Quintana foi um poeta brasileiro que nasceu em Alegrete, RS,<br />
em 1904. Faleceu em Porto Alegre em 1998. Nunca se preocupou<br />
em fazer poesia para a crítica ou em pertencer a este ou àquele<br />
movimento. Publicou muitos livros ao longo de várias décadas.