portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
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Português Instrumental | O cotidiano e seus textos<br />
EUFEMISMO<br />
Figura de linguagem<br />
comumente usada para<br />
atenuar uma afirmação.<br />
Por exemplo: no lugar de<br />
dizerem que determina<strong>do</strong><br />
político roubou os cofres<br />
públicos, lemos nos jornais<br />
que houve desvio.<br />
116 CEDERJ<br />
é feita desse mosaico de muitas histórias humanas ocorridas em pequenos<br />
municípios. Entendemos essas histórias como parte <strong>do</strong> acervo de histórias<br />
da humanidade, a ser continuamente cria<strong>do</strong> e preserva<strong>do</strong>.<br />
A preservação coletiva das histórias em comum também pode<br />
funcionar como amálgama para que os grupos humanos, próximos uns<br />
<strong>do</strong>s outros, se conheçam e se organizem. Essa preservação da memória<br />
da história das cidades constitui um fator preponderante de construção<br />
da identidade e, por conseguinte, da cidadania da população envolvida.<br />
Podemos mesmo afirmar que essa é uma estratégia de construção de<br />
significa<strong>do</strong> para a experiência humana e para a diversidade dessa<br />
experiência.<br />
Volte atrás e observe a foto. Ela é da época da construção<br />
monumental de Brasília (portanto, é de 1959 ou 1960, aproximadamente).<br />
Observemos, ao fun<strong>do</strong>, já erigi<strong>do</strong>, o Palácio da Alvorada. A foto congela<br />
uma imagem que jamais acontecerá novamente e que, conforme a matéria<br />
<strong>do</strong> jornal, une extremos contraditórios: o choque <strong>do</strong> miserável com a<br />
arquitetura moderna. Um choque estético evidente, que faz saltar aos olhos<br />
o para<strong>do</strong>xo, sobretu<strong>do</strong> ético, das experiências humanas ali envolvidas.<br />
Vemos, na foto, a arquitetura mundialmente famosa e reconhecida de<br />
um Lúcio Costa e um Niemeyer, mas, também, a necessidade de que uma<br />
parcela da população com um outro registro estético esteja envolvida<br />
diretamente nessa construção, mesmo que a ela não tenha nenhum outro<br />
tipo de acesso que não o subalterno. Afinal, sabemos que para uma capital<br />
funcionar, será necessária uma mão-de-obra para a qual os governantes<br />
<strong>do</strong>s palácios e os residentes <strong>do</strong>s modernos edifícios não costumam ter<br />
qualificação, para utilizarmos um EUFEMISMO.<br />
A população qualificada para essa mão-de-obra não moraria<br />
ali, decerto. Devi<strong>do</strong> a isso, partiu-se para a construção, em nada<br />
monumental — a não ser pela extensão territorial e pelos brutos números<br />
populacionais — das cidades-satélite. Estas apresentavam uma estética<br />
diametralmente confronta<strong>do</strong>ra da realidade estética vigente no plano-<br />
piloto. Aliás, a expressão plano-piloto adveio <strong>do</strong> fato de a cidade ter si<strong>do</strong><br />
planejada em forma de um avião, daí as zonas da cidade conhecidas,<br />
por exemplo, como Asa Sul e Asa Norte. Aqueles com parcos recursos<br />
situaram-se, então, fora <strong>do</strong> avião. Não constavam <strong>do</strong> planejamento. Ou<br />
constavam e a construção era mesmo feita para que eles morassem em<br />
volta e fora da cidade.