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portugues instrumental - Universidade Federal do Pará

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Português Instrumental | O que é interpretar textos?<br />

INTRODUÇÃO Nesta nossa segunda aula, vamos penetrar em um território de difícil acesso<br />

24 CEDERJ<br />

àqueles que se entregam à tarefa de trabalhar com textos literários ou<br />

não. O território de que estamos falan<strong>do</strong> é mais comumente conheci<strong>do</strong><br />

como interpretação de textos. Por que é tão difícil interpretar um texto?<br />

O que é necessário e indispensável à tarefa da interpretação? Afinal, o que é<br />

interpretação? Vamos conter as nossas ânsias e, sem muita pressa, tentaremos<br />

responder a essas e outras questões com as quais vamos topar no nosso<br />

caminho.<br />

A INTERPRETAÇÃO COMO ATIVIDADE COTIDIANA<br />

Mais <strong>do</strong> que uma operação complicada, a interpretação é algo que<br />

você, sem se dar conta, acaba fazen<strong>do</strong> cotidianamente. Quan<strong>do</strong> alguém<br />

lhe pergunta “que horas são?”, você sabe exatamente o que dizer. Você<br />

sabe, portanto, não apenas interpretar o enuncia<strong>do</strong> daquele que lhe fez a<br />

pergunta, como também interpretar corretamente aquele aparelho que se<br />

encontra fixa<strong>do</strong> no seu pulso, com o qual os homens mensuram o tempo<br />

de suas atividades cotidianas. Você pode argumentar: “Ora, entender o<br />

que alguém me pede não é uma questão de interpretação. Afinal, o que<br />

ele me pediu é muito simples, qualquer um saberia responder.” Nem<br />

tanto! Se um alemão lhe fizesse, em alemão, a mesma pergunta, você não<br />

só ficaria desconcerta<strong>do</strong>, como talvez ficasse até ofendi<strong>do</strong>, imaginan<strong>do</strong><br />

que lá, naquela língua estranha, o tal alemão estivesse zomban<strong>do</strong> de<br />

você, ou mesmo agredin<strong>do</strong>-o. O que se passa no exemplo anterior é o<br />

seguinte: por você não ter material suficiente para compreender o que<br />

o estrangeiro lhe pergunta, toda sorte de interpretações pode vir à sua<br />

cabeça. Em outras palavras, não há interpretação pronta. Na melhor das<br />

hipóteses, sua imaginação servirá como guia; você tentará comunicar-se<br />

por sinais, o interlocutor vai apontar para o seu pulso, você lhe informará<br />

as horas, e cada qual seguirá seu rumo, mesmo que a dúvida persista:<br />

“será que ele queria mesmo saber as horas?”.<br />

Quem já foi ou é mãe de recém-nasci<strong>do</strong> sabe, mesmo que não<br />

seja um saber formal, <strong>do</strong> que estamos falan<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> o neném chora,<br />

a mãe se torna uma intérprete das mais bem treinadas, aprenden<strong>do</strong>,<br />

com o tempo, a distinguir entre o choro de fome e o choro de <strong>do</strong>r, de<br />

sono, de manha. Há algo peculiar na posição de mãe que permite que<br />

a interpretação advenha. Não se trata de um saber estrutura<strong>do</strong>, mas de

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