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portugues instrumental - Universidade Federal do Pará

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Português Instrumental | Contar uma estória, contar a história<br />

X Á C A R A<br />

Narrativa popular<br />

em verso.<br />

S O L F A<br />

Música escrita.<br />

A B O I O<br />

Canto com que os<br />

vaqueiros guiam as<br />

boiadas.<br />

O que Câmara<br />

Cascu<strong>do</strong> define<br />

por produção<br />

contemporânea<br />

pelos antigos<br />

processos de<br />

versificação<br />

popularizada é o<br />

folheto de cordel, a<br />

poesia rimada feita<br />

para a declamação<br />

e para o canto.<br />

66 CEDERJ<br />

de divertimento coletivo, ronda e jogos infantis, cantigas de<br />

embalar (acalantos), nas estrofes das velhas XÁCARAS e romances<br />

<strong>portugues</strong>es com SOLFAS, nas músicas anônimas, nos ABOIOS,<br />

ane<strong>do</strong>tas, adivinhações, lendas, etc. A outra fonte é a reimpressão<br />

<strong>do</strong>s antigos livrinhos, vin<strong>do</strong>s de Espanha ou de Portugal e que<br />

são convergência de motivos literários <strong>do</strong>s séculos XIII, XIV, XV,<br />

XVI, Donzela Teo<strong>do</strong>ra, Imperatriz Porcina, Princesa Magalona,<br />

João de Calais, Carlos Magno e os Doze Pares de França, além da<br />

produção contemporânea pelos antigos processos de versificação<br />

popularizada, fixan<strong>do</strong> assuntos de época, guerras, política,<br />

sátira, estórias de animais, fábulas, ciclo <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>, caça, amores,<br />

incluin<strong>do</strong> a poetização de trechos de romances famosos torna<strong>do</strong>s<br />

conheci<strong>do</strong>s, Escrava Isaura, Romeu e Julieta (...). Com ou sem<br />

fixação tipográfica essa matéria pertence à literatura oral. Foi feita<br />

para o canto, para a leitura em voz alta.<br />

Pela citação anterior, podemos ter uma idéia mais clara acerca<br />

da diversidade da literatura oral e de seus meios de produção e difusão.<br />

Entretanto, seria lícito nos perguntarmos: onde foi parar tu<strong>do</strong> aquilo?<br />

Como aprender, hoje, a contar uma estória? Que instituição tem o saber<br />

necessário ao ensino da literatura oral? Quem cuida da permanência,<br />

da divulgação e da renovação da cultura não-oficial? O descompasso<br />

entre a época em que Câmara Cascu<strong>do</strong> escreveu seu trabalho (1952) e<br />

os dias de hoje parece evidente. A cultura de massa e, principalmente,<br />

a telenovela, solaparam as diferenças regionais e os hábitos cultiva<strong>do</strong>s<br />

durante séculos pelo povo. Em vez de se reunirem para contar estórias ao<br />

final de uma jornada de trabalho, divertin<strong>do</strong>-se, trocan<strong>do</strong> experiências,<br />

relatos e afetos, homens e mulheres sentam-se para assistir à TV. Se o<br />

hábito de contar uma estória perdeu-se, a memória coletiva de nossa gente<br />

resiste: ora como substrato, ora como coisa viva e rutilante. Procurar pela<br />

fonte de nossas estórias pode ser um indício de que uma outra história<br />

esteja começan<strong>do</strong> a ser escrita por nós.

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