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portugues instrumental - Universidade Federal do Pará

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Quan<strong>do</strong> apareceram, então, os versos de Augusto, o autor não foi<br />

considera<strong>do</strong> um exemplo <strong>do</strong> “bem escrever”. A implicância geral dizia<br />

respeito à temática e não à forma. Porém, to<strong>do</strong>s nós sabemos o quanto a<br />

forma também transmite o conteú<strong>do</strong>; afinal, como passar para o leitor o<br />

sentimento de um sertanejo, por exemplo, sem transcrever-lhe o jeito de<br />

falar? Ou o sentimento de um mora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Amazonas? Ou <strong>do</strong> interior de<br />

Minas? Ou de tantas outras localidades neste vasto país? Vejam exemplo<br />

disso num escritor paraense, Dalcídio Jurandir (1971):<br />

Das palavras dela escorria o bom tempo, aquele, <strong>do</strong>s primeiros<br />

cajus comi<strong>do</strong>s no degrau ‘evém chuva, evém chuva, me deixa me<br />

molhar, caju com chuva faz casar (p. 12).<br />

Dalcídio Jurandir foi “o” escritor da Amazônia urbana. Sem seus romances, não<br />

conheceríamos a situação social dessa região tão pouco retratada em nossa<br />

literatura, especialmente a parte urbana da Amazônia. Era um <strong>do</strong>s escritores<br />

preferi<strong>do</strong>s de Jorge Ama<strong>do</strong>. Portinari recusava convites para fazer capas de livros,<br />

mas, por admiração a Dalcídio, aceitou o convite da editora. Dalcídio morreu<br />

na década de 70 <strong>do</strong> século XX. Seu espólio encontra-se atualmente — mea<strong>do</strong>s<br />

de 2004 — na Fundação Casa de Rui Barbosa, na cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro.<br />

Certamente, este “evém” é ouvi<strong>do</strong> em outras partes <strong>do</strong> país,<br />

o que pode ser mais um motivo para nos percebermos integra<strong>do</strong>s no<br />

espaço brasileiro. E, para os la<strong>do</strong>s daqueles que nunca ouviram falar<br />

em “evém”, ou que o consideram “inculto”, o que temos a dizer é que o<br />

registro da oralidade <strong>do</strong> nosso povo só enriquece o nosso vocabulário e<br />

conhecimento de mun<strong>do</strong>, fazen<strong>do</strong> com que conheçamos melhor uns aos<br />

outros. Por exemplo, não sabíamos que, para alguns, “caju com chuva”<br />

fazia casar. Sobre essa variabilidade, repetiremos as palavras de Antônio<br />

Houaiss, escritas em 1964:<br />

CEDERJ 19<br />

AULA 1<br />

MÓDULO 1

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