portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ealismo, marcada pela denúncia da violência social. Para ilustrar essas<br />
afirmações, basta lembrar a linguagem hiperdescritiva <strong>do</strong> episódio “<strong>do</strong>s<br />
seiscentos homens que eram seiscentos me<strong>do</strong>s de ser”:<br />
O carro vai descen<strong>do</strong> até à entrada da curva, tão encosta<strong>do</strong> à parte<br />
interior dela quanto possível, e aí é calçada a roda da frente desse<br />
mesmo la<strong>do</strong>, porém, não há-de o calço ser tão sóli<strong>do</strong> que por si<br />
só trave o carro inteiro, nem tão frágil que se deixe esmagar pelo<br />
peso, se achar que não tem o caso supremas dificuldades é porque<br />
não levou esta pedra de Pêro Pinheiro a Mafra e apenas assistiu<br />
senta<strong>do</strong>, ou se limita a olhar de longe, <strong>do</strong> lugar e <strong>do</strong> tempo desta<br />
página (SARAMAGO, 1987 p. 258).<br />
E, ainda mais incisivamente <strong>do</strong>cumental, à página seguinte:<br />
Tiraram Francisco Marques de debaixo <strong>do</strong> carro. A roda passara-<br />
lhe sobre o ventre,feito numa pasta de vísceras e ossos, por um<br />
pouco se lhe separavam as pernas <strong>do</strong> tronco, falamos da sua perna<br />
esquerda e da sua perna direita, que da outra, a tal <strong>do</strong> meio, a<br />
inquieta, aquela por amor da qual fez Francisco Marques tantas<br />
caminhadas, dessa não há sinal, nem vestígio, nem um simples<br />
farrapito(idem, 1987, p. 259).<br />
Figura 8.1<br />
CEDERJ 111<br />
AULA 8<br />
MÓDULO 2