portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
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COMENTÁRIO<br />
É perfeitamente possível que você tenha se complica<strong>do</strong> para responder<br />
ao item “a” da atividade. Reconhecer elementos da oralidade<br />
(<strong>do</strong> registro oral, da fala) em um texto escrito não é <strong>do</strong>s exercícios a<br />
que estamos mais acostuma<strong>do</strong>s. Ainda vamos trabalhar muito com as<br />
diferenças e as coincidências entre a língua falada e a língua escrita.<br />
Portanto, não se preocupe se não for capaz de reconhecê-las agora.<br />
Como não temos a sua carta em mãos, vamos apontar para o que<br />
chamamos de diferenças utilizan<strong>do</strong> alguns exemplos, para que depois<br />
você os possa generalizar. Uma das principais divergências entre os<br />
<strong>do</strong>is registros – o oral e o escrito – está na escolha <strong>do</strong>s pronomes. Fique<br />
bem atento a eles. Por exemplo, o pronome pessoal “lhe” raramente é<br />
usa<strong>do</strong> na linguagem oral, sen<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong> por outros pronomes, ou até<br />
mesmo omiti<strong>do</strong>, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> caso. Quase ninguém fala “Queria lhe<br />
dizer uma coisa”, mas, sim, “Queria te dizer uma coisa”; “Queria dizer<br />
uma coisa”(pela proximidade com a pessoa, não precisamos especificar<br />
a quem estamos nos dirigin<strong>do</strong>); “Queria dizer pra você uma coisa”;<br />
“Queria dizer uma coisa pra você” etc. A diferença também se dá com<br />
a preposição “para”: o registro escrito recomenda “para”; oralmente<br />
usamos “pra”. É certo que estes <strong>do</strong>is exemplos são ainda insuficientes<br />
para dar conta de todas as diferenças entre os <strong>do</strong>is registros, mas, com<br />
base neles, volte a sua carta atentan<strong>do</strong> aos pronomes que utilizou e<br />
ao mo<strong>do</strong> como grafou as palavras.<br />
Para o item “b” não há resposta precisa. O que você achou mais difícil<br />
na hora de escrever pode, inclusive, não estar representa<strong>do</strong> naquelas<br />
três opções que sugerimos. As duas primeiras opções têm relação direta<br />
com o ato de contar uma história: descrever acontecimentos, localizá-<br />
los no tempo e no espaço e, também, inventar, fazer ficção. (Pode ser<br />
que você nunca tenha escrito um texto “ficcional”, mas certamente<br />
já imaginou coisas que não se deram de fato ou já contou alguma<br />
mentira; então, imagine que você está contan<strong>do</strong> uma mentira para nós<br />
e reescreva a carta!) A última opção – “transmitir seu afeto usan<strong>do</strong> a<br />
palavra escrita” – é a que mais flagrantemente designa não apenas a<br />
distância entre a linguagem oral e a linguagem escrita, mas também<br />
os limites da eficácia na representação das palavras. Quan<strong>do</strong> estamos<br />
na presença de alguém, a comunicação ocorre tanto pelas palavras<br />
quanto pelos nossos atos (olhares, toques, expressões faciais, tons de<br />
voz, gesticulação). Há que atentar para a incongruência entre os afetos<br />
e as representações como um problema da linguagem, seja esta falada<br />
ou escrita. Você nunca esteve em uma situação na qual as palavras<br />
lhe fugiram? Nunca sentiu-se incapaz de representar seus afetos com<br />
palavras? Com base nessas perguntas e especulações, inferimos que<br />
“dar branco” pode acontecer no ato de escrever, na comunicação e até<br />
mesmo quan<strong>do</strong> estamos a sós com nossas emoções.<br />
CEDERJ 79<br />
AULA 5<br />
MÓDULO 1