portugues instrumental - Universidade Federal do Pará
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Português Instrumental | Paragrafan<strong>do</strong>: por que, como, quan<strong>do</strong><br />
130 CEDERJ<br />
nova revolução científica e tecnológica – a Revolução Termonuclear<br />
– cuja capacidade de transfiguração da vida humana parece ser<br />
infinitamente maior. Nas universidades das nações adiantadas, esta<br />
crise assume a força de traumas provenientes da conscrição de seus<br />
investiga<strong>do</strong>res e laboratórios para tarefas de guerra fria e quente, e<br />
tensões resultantes de inovações prodigiosas nas atividades produtivas e<br />
nos serviços, que absorvem conteú<strong>do</strong>s técnico-científicos cada vez mais<br />
ponderáveis, exigin<strong>do</strong> uma preparação de nível universitário para toda<br />
a força de trabalho. Nas nações historicamente atrasadas, os sintomas<br />
desta crise conjuntural apresentam-se como efeitos reflexos, entre os<br />
quais se destaca o de desafiar suas universidades – que fracassaram<br />
no absorver, aplicar e difundir o saber humano alcança<strong>do</strong> nas últimas<br />
décadas – a realizarem a tarefa de auto-superação de suas deficiências<br />
para o <strong>do</strong>mínio de um saber novo cada vez mais amplia<strong>do</strong>, ou ver<br />
aumentar progressivamente sua defasagem histórica em relação às<br />
nações adiantadas.<br />
3 A crise também é política, pois as universidades, estan<strong>do</strong> inseridas<br />
em estruturas sociais conflitantes, vêem-se sujeitas a expectativas<br />
antagônicas de setores que as querem conserva<strong>do</strong>ras e disciplinadas,<br />
e de outros que a desejam renova<strong>do</strong>ras ou, até, revolucionárias. Nas<br />
nações desenvolvidas, esta crise política implanta-se toda vez que a<br />
juventude estudantil e os professores mais lúci<strong>do</strong>s passam a questionar<br />
a ordem social, converten<strong>do</strong>-se em corpos manifestantes. Nas nações<br />
subdesenvolvidas – por isto mesmo mais descontentes consigo mesmas<br />
– a atitude de rebeldia juvenil, sen<strong>do</strong> natural e necessária, provoca<br />
inevitáveis choques com os guardiões da ordem vigente.<br />
4 A crise é estrutural, porque os problemas que apresenta a universidade<br />
já não podem ser resolvi<strong>do</strong>s no quadro institucional vigente, exigin<strong>do</strong><br />
reformas profundas que a capacitem a ampliar suas matrículas,<br />
conforma as aspirações de educação superior da população e, ao<br />
mesmo tempo, a elevar seus níveis de ensino e investigação. Como as<br />
estruturas vigentes não são cristalizações de modelos ideais, livremente<br />
escolhi<strong>do</strong>s, mas resíduos históricos de esforços seculares para criar<br />
universidades em condições adversas, nelas se fixaram múltiplos<br />
interesses a atuar como obstáculos à sua transformação.<br />
5 Como destacamos, a crise também tem conteú<strong>do</strong>s intelectuais e<br />
ideológicos. Os primeiros, representa<strong>do</strong>s pelo desafio de estudar melhor<br />
a própria universidade a fim de conhecer, exatamente, as condicionantes<br />
a que está sujeita e os requisitos de sua transformação. Os últimos, por<br />
se dividirem os próprios universitários, relativamente ao caráter e ao<br />
senti<strong>do</strong> destas transformações, pois elas podem contribuir tanto para a<br />
universidade constituir-se em motor de mudança da sociedade global,<br />
como para erigir-se em fortaleza defensiva <strong>do</strong> statu quo.