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ANUNCIATA E SEU HUMOR - CES/JF

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por um único fio: o que tece suas Fábulas fabulosas. E, como se verá, não é,<br />

exatamente, pouco o esforço que requer do nosso tear tal escolha.<br />

1.3 DE VOLTA À COMPLEXIDADE INTERDISCIPLINAR<br />

Dito, então, isso, é preciso ir ainda um pouco além e voltar a Freud e suas<br />

relações com a literatura, para destacar, enfim, dois pontos importantes.<br />

Silberstein:<br />

Em 1874, quando contava 18 anos, ele escreve a seu amigo Eduard<br />

Não julgo, de forma alguma, como dizem alguns estetas, que, de acordo<br />

com a letra da lei burguesa e mosaica, tudo o que é aético é também<br />

apoético [...]. Mais do que isso, a poesia pode, apoiada no ímpeto de nossas<br />

paixões, e com segurança, transfigurar um tanto mais poeticamente o aético<br />

ou, melhor, aquilo que a sociedade declara proibido (FREUD, 1995, p.75).<br />

Pouco mais de uma semana depois, ei-lo novamente às voltas com a questão<br />

e um pouco mais:<br />

Nossas cartas [...] serão tão multiformes como a nossa própria vida. Nas<br />

nossas cartas, converteremos os seis prosaicos e brônzeos dias de trabalho<br />

em puro ouro da poesia e talvez descubramos que se possa encontrar em si<br />

próprio e no que permanece e varia em nosso redor um número suficiente<br />

de coisas interessantes, bastando que, para isso, a gente apenas se<br />

acostume a prestar atenção. Além disso, confesso que sinto necessidade de<br />

me manter informado também sobre o que acontece [...] noutras ciências, a<br />

fim de escapar ao perigo da imobilidade (p. ex.: Médico já bolorento), a que<br />

está sujeito todo indivíduo que se dedica a uma especialidade (IBIDEM,<br />

p.77).<br />

As relações de Freud com a literatura e as outras áreas do saber emergem de<br />

maneira exemplar nestas cartas de juventude.<br />

Cerca de dez anos mais tarde, em 1883, o médico recém formado já se<br />

encontrara com Breuer, de quem ouvira o relato de um caso de histeria que o<br />

deixara particularmente intrigado. “Interessado no caso de Anna O. e relendo D.<br />

Quixote, escreve à Martha que se acha dispersivo e mais interessado em ler D.<br />

Quixote do que em estudar anatomia cerebral” (PERESTRELLO, 1995, 33). De fato,<br />

Freud “já o havia lido quando criança. Por volta dos dezesseis anos, aprende<br />

espanhol para reler Cervantes. Na época da carta à Martha, já se trata de sua<br />

terceira leitura de Quixote” (IBIDEM, p.33n).<br />

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