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emocional do bebê que cresce. Se o bebê é obrigado a ocultar seu self cruel, por<br />
causa de um ambiente incapaz de tolerar a agressão, isto acarreta numa<br />
dissociação — isto é, uma não-integração, um desconhecimento e uma divisão. É<br />
esta dissociação que Winnicott explora, em 1947, num outro importantes artigo: “ O<br />
ódio na contratransferência”. Este trabalho discorre, de fato, sobre os sentimentos<br />
inerentes à agressão primitiva:<br />
Mesmo que a integração possa ser atingida muito cedo — talvez a<br />
integração mais precoce ocorra no auge da excitação ou da raiva — há um<br />
estágio teórico anterior no qual as coisas ruins que o bebê faz não são feitas<br />
por ódio. Utilizei o termo ‘amor cruel’ para descrever este estágio. Isto é<br />
aceitável ? À medida que o bebê vai tornando-se capaz de sentir que é uma<br />
pessoa total, a palavra ódio passa a ter significado como uma descrição de<br />
um certo grupo dos seus sentimentos. (WINNICOTT, 1978, p.350)<br />
Para atingir a condição de Sujeito, qualquer filhote-de-homem está sujeito a<br />
várias tarefas. “No princípio, a agressão do bebê surge para ser necessariamente<br />
cruel. Assim é o bebê durante a fase de dependência absoluta”. No final, elemento<br />
que se destaca na teoria do desenvolvimento de Winnicott, “uma pessoa total [...] é o<br />
indivíduo que conseguiu alcançar um ‘status unificado’ e é capaz de destinguir entre<br />
‘eu’ e ‘não-eu’, dentro e fora” (ABRAM, 2000, 11).<br />
Do princípio da década de 1950 em diante, portanto, o pensamento de<br />
Winnicott sobre a agressividade desenvolve-se de tal forma que chega a constituir-<br />
se e consolidar-se como uma teoria própria, diversa inclusive e radicalmente da<br />
consagrada por M. Klein.<br />
Em um trabalho de 1950-54, “ Agressão e sua relação do desenvolvimento<br />
emocional” - que é uma colagem de três textos —, as quatro áreas-chave relativas à<br />
agressão são:<br />
real<br />
. a função de fusão<br />
. a necessidade de oposição<br />
. a necessidade de realidade de um objeto externo para sentir-se<br />
. a necessidade de um objeto, antes da necessidade de prazer.<br />
Para fins de apresentação de complexas tramas teóricas e lógicas, utiliza-se<br />
como bastante e suficiente, para os fins determinados pela razão de ser da<br />
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